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China consolida protagonismo na economia mundial, avaliam analistas

China consolida protagonismo na economia mundial, avaliam analistas
07/06/2017

O século 21 tende a ser cada vez mais dominado economicamente pela China, que em breve deve superar os Estados Unidos no papel de liderança mundial. O avanço chinês na economia e na política internacionais é inevitável na opinião de representantes do meio acadêmico e diplomático, participantes do debate realizado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Na análise do o ex-embaixador do Brasil na China, Luiz Augusto Castro Neves, os chineses foram os primeiros a perceber o processo de globalização e desde a abertura econômica promovida pelo antigo líder Deng Xiaoping, o objetivo estratégico foi promover a sua correta inserção no sistema internacional.

– Eles buscavam a competitividade no mercado internacional. Esse modelo permitiu que o Produto Interno Bruto chinês crescesse 25 vezes em pouco mais de três décadas – ressaltou.

A China já é o maior parceiro comercial da maioria dos países do mundo. O produto interno bruto (PIB) chinês já alcançou os US$ 13 trilhões. Em 2015, suas exportações chegaram a US$ 2,3 trilhões e permitiram ao país obter um saldo comercial de US$ 600 bilhões. Os maiores clientes são os Estados Unidos, para onde se dirigiram 18% das exportações chinesas, Hong Kong (14,6%) e Japão (6%). No mesmo ano a China comprou do mundo US$ 1,7 trilhão – e o Brasil está entre seus dez maiores fornecedores.

Brasil e China

Para o professor Oliver Stuenkel, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a economia doméstica brasileira é afetada diretamente pela economia chinesa. Segundo ele, o Brasil cresceu com o Brics (Grupo de cooperação formado com Rússia, Índia, China e África do Sul) em razão da demanda chinesa por produtos brasileiros na primeira década do século 21. E a crise atual pode ser explicada em parte pela transformação da indústria chinesa com redução dessa demanda.

Stuenkel ainda destacou obras como a ferrovia Transoceânica para ligar o Brasil ao Pacífico, em plano de cooperação com a China, assinado em 2015. Bem apontou investimentos chineses também na Venezuela e no Uruguai.

– Não existe ainda uma estratégia regional em como lidar com a influência crescente da China. Existe uma competição, em alguns casos, entre países da América do Sul para atrair investimento chinês e seria muito vantajoso institucionalizar uma discussão entre as capitais da região – opinou.

Protagonismo

De acordo com os analistas, o peso do protagonismo chinês também já começa a ser sentido na América Latina. E ainda avança com a criação de uma plataforma de integração entre Ásia e Europa, na chamada Nova Rota da Seda. Dessa forma, a China assumiria o papel de líder mundial e regional na política e na economia. Principalmente com a postura “neo-isolacionista” e protecionista adotada pelo governo americano, que se retira de uma série de importantes acordos internacionais de livre comércio, entre eles a Parceria Transpacífico, criando oportunidades para a China.

O presidente da CRE, senador Fernando Collor (PTC-AL), mencionou também a recente saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris.

– É um prenúncio que beira à catástrofe, mas que abre um espaço muito importante para a China, porque deixa um vazio na liderança do combate ao aquecimento global. A China vem se esforçando ao longo das últimas décadas no sentido de reduzir as suas emissões, mas necessitamos que ela faça mais – afirmou Collor.

Na visão de Henrique Altemani de Oliveira, da Universidade Estadual da Paraíba, os Estados Unidos têm uma relação de dependência em relação à China, por isso apenas tentariam evitar ser superados, mas sem afetar a economia e a política internacionais.

Já a China, segundo o professor, dependeria da ordem liderada pelos Estados Unidos para a estabilidade mundial, evitando conflitos, mas participando cada vez mais das regras internacionais para seguir crescendo.

Desafios

O binômio investimento-exportação provou ser modelo extremamente bem sucedido de crescimento econômico na China, mas também criou uma desigualdade que não existia antes, avaliam os analistas.

– Mudar isso envolve uma série de reformas, entre elas a previdenciária, trata-se de uma mudança que vai ser também cultural, mas é inevitável – opina o ex-embaixador.

Entre outros desafios que a China enfrenta foram apontados o excesso de capacidade produtiva, a tensão na negociação e exploração de espaços no Mar do Sul, a questão das Coreias e de Taiwan.

– Cada vez que os Estados Unidos venda armas a Taiwan ou cada vez que o Dalai Lama tem um convite dos americanos, as críticas chinesas sobem. E acho que a grande novidade hoje é a tentativa de aplicação de sanções em relação a essas movimentações. Mas a ideia é que a China tem exatamente o interesse de ampliar seu papel dentro da região asiática – disse o professor Henrique Altemani.

Fonte: Agência Senado via Brazil Modal