A guerra entre a Rússia e a Ucrânia continua pressionando os preços do petróleo e dos alimentos no mundo inteiro. Um grande novo tremor já está entrando em pauta: o rígido inverno naquela região, que está enfrentando uma escassez de recursos. O inverno, que oficialmente começa dia 1 de dezembro, deverá trazer um enorme impacto para toda a população ucraniana, portanto a pressão para uma solução desse conflito deve aumentar nas próximas semanas.
Apesar das atividades na China terem começado a retornar desde o início de junho, o governo chinês mantém a firmeza na política do “Covid Zero” e se outros casos foram detectados, a possibilidade de novo lockdown não está descartada e deverá deteriorar ainda mais a estimativa de crescimento chinês, que pode chegar em 3,3 % esse ano – a pior taxa de crescimento dos últimos 30 anos.
O Fator de Utilização das Aeronaves continuam altas e sem previsão de novos espaços serem disponibilizados ao mercado. A tendência é que sejam mantidos os níveis de tarifa alta e apenas com negociações com validade semanal.
Os fretes marítimos, embora ainda muito acima dos níveis pré-pandemia, baixaram mais 13% nas últimas semanas, chegando pela primeira vez no ano em níveis inferiores aos do mesmo período do ano passado. Apenas a Europa, que está com os portos congestionados e em greves, mantém os mesmo níveis nesse momento.
A qualquer instante, as Cias Marítimas estão prontas para adotar mais uma vez o chamado “Blank Sailing”, com a clara intenção de manter os níveis de utilização dos navios altos e, consequentemente, os níveis das tarifas.
Ainda existem portos nos Estados Unidos, China e Europa com problemas crônicos de congestionamento que não foram sanados mesmo com a redução dos volumes nos últimos meses.
Enquanto a Europa está em conflito com os trabalhadores portuários, as negociações com trabalhadores da Costa Ocidental dos EUA estão progredindo, mas existem temas sensíveis na negociação entre os trabalhadores ferroviários norte-americanos.
Aliado a todos os eventos acima, ainda temos a inflação que pressiona fortemente todo o globo e em alguns países como Estados Unidos e Alemanha. A taxa inflacionária tem sido a maior dos últimos 40 anos.
A época chamada de “Alta” já deveria ter começado, ou no máximo estar prestes a começar, e os últimos três meses teriam sido a época baixa. Caso isso venha a se confirmar, veremos o agravamento dos congestionamentos nos portos e aeroportos e taxas de fretes voltando a subir.
Entretanto, atenção com os estoques dos grandes varejistas, principalmente nos Estados Unidos, que são os maiores importadores do mundo, que tem reportado níveis altos de estoques.
Todos os olhos estão voltados ao grande ator de todo esse cenário nesse momento: o consumidor. Se esses pararem de gastar, os importadores reagirão rapidamente, cancelando encomendas de produção que irão impactar fortemente o segundo semestre que estamos começando a vivenciar.
Ainda que as taxas “Spot de Fretes” possam dar uma pista da temperatura do cenário, tudo depende do que os consumidores vão fazer – ou melhor, do que os importadores pensam em como os consumidores vão se comportar.
Por isso estaremos atentos em julho, pois certamente teremos muitas respostas sobre o restante desse ano.