O mundo tem uma separação dos países mais compradores e mais vendedores. O Brasil é um país mais importador, a China e os Estados Unidos, são exportadores. O que está acontecendo com a China vem de antes da pandemia de 2020, mas havia um fluxo que funcionava, de produção, embarque, e transportes, que tinham suas rotas semanais. Na pré-pandemia, o navio chegava no Porto de Santos toda quarta-feira ao meio dia, vindo da Ásia, e saía meia noite, então o nível de pontualidade era em torno de 93%. O maior local de entrada dos Estados Unidos era Los Angeles, porque o navio sai da China e faz a rota pelo Pacífico, hoje em dia ele sai de Xangai e chega em Los Angeles em 12 dias. O “just in time” funcionava.
A China parou por 40 dias, então, ela não produziu mais, e o que tinha de abastecimento, mundialmente, foi consumido. Os estoques desapareceram com essa parada e após esses dias, ela começou a produzir e encher os containers para entregar as ordens de compra, mas nesse processo, os compradores pararam. A carga ficou bloqueada nos portos, fazendo com que o transporte que tem sua programação contada desandasse.
Com medo de ficar sem estoque, os compradores começaram a aumentar o seu tamanho, mas os governos, que ficaram cerca de quatro meses com a economia parada, forneceram benefícios para incentivar a rotatividade da mesma, assim, baixando preços e impostos para a indústria retomar suas atividades.
CÂMBIO
O câmbio tem tido problemas não só por conta da guerra, mas também, pela política, pois os juros o seguraram, mas isso já não se vê tanto como um problema. Preocupações maiores existem, afinal a Rússia é um grande fornecedor de energia e 40% do gás consumido pela Europa vem dela.
TRANSPORTE TERRESTRE
Os aviões ficaram nos lugares errados, a programação de navios estourou, os portos com a restrição da COVID também tiveram improdutividade e ficaram superlotados. A melhor saída era recorrer aos caminhões, mas não havia profissionais pela alta demanda.
Com a saída da Inglaterra da zona do Euro, houveram dificuldades com a falta de milhares de motoristas. Todos esses problemas fizeram com que nada voltasse a sua normalidade. Quando a Europa começou a tomar fôlego, muitos países ficaram esperançosos de que o fluxo voltasse, mas somente no começo deste ano que pôde-se ver uma possível melhora, e de uma forma diferente.
TRANSPORTE AÉREO
Assim como os navios, os aviões não estão saindo da China. A maior parte da carga é transportada em aviões comerciais (de passageiros), pois as linhas aéreas fornecem espaço para que esses produtos sejam levados até determinado local, e com a retomada do vírus, essa forma de transporte foi prejudicada, tanto para fazer sua rota, quanto com o excesso de carga.
Na operação padrão, a Receita Federal vai impactar a carga que já está no Brasil, pois as que ainda não estão, estão impossibilitadas de chegar. Se caso o fornecedor conseguir um navio para embarcar a carga, existe a superlotação dos portos. Por isso, é preciso saber tudo o que está acontecendo.
Existem diversos fatores obscuros que geraram a guerra atual e ninguém sabe. Se ela passar desses dois países, vira um risco global, pois, atualmente, o que o conflito realmente impacta na economia mundial é o valor do combustível, pela necessidade de abastecimento dos aviões, fazendo seu valor aumentar.
TRANSPORTE MARÍTIMO
A guerra da Ucrânia com a Rússia, fisicamente, para a organização dos navios, ela não afeta muito a cadeia logística, pois o Mar Negro não tem grande impacto no transporte de mercadorias mundial. Cargas que tinham como destino esses dois países sofreram boicotes e ficaram paradas nos portos europeus com proibição de entrega, mas somente nessas regiões.
O QUE FAZER PARA EVITAR O IMPACTO NO SEU NEGÓCIO?
Uma nova onda da COVID em Xangai e nas proximidades fez com que tudo fechasse novamente, inclusive os portos, que têm aproximadamente 320 navios atracados. Quase 3 milhões de containers parados e a situação mundial pode piorar, pois a cadeia logística está sendo afetada diretamente, havendo falta de insumo, fábricas com necessidade de produtos, e muitos outros problemas.
Para clientes, é importante saber como está o andamento nos locais das fontes de fornecimento, contando com 60 dias a mais de atraso caso não encontre novas fontes, em lugares que tenham um melhor acesso. É ideal regionalizar, pois, quanto mais próximo, melhor, tanto para o transporte da carga, quanto para os custos logísticos.
É primordial que um importador, ou empresa, que lida com comércio exterior assuma a sua cadeia logística, e tenha também, pessoas especializadas que saibam o que está acontecendo no mundo para orientar da forma correta, mostrando os riscos de uma mercadoria não entregue. Há grande chance de enfrentar problemas com perda da mercadoria e lucros, afinal, serão meses difíceis, tanto para importação, quanto para exportação.