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Dólar traz incertezas sobre a recuperação das exportações

Dólar traz incertezas sobre a recuperação das exportações
17/08/2016

Apesar do curto prazo, o recente barateamento do dólar trouxe incerteza sobre o processo de recuperação da atividade na indústria, justamente porque ela começou a sair do fundo do poço quando o dólar chegou perto dos R$ 4,00. Com isso, alguns produtos brasileiros voltaram a ficar competitivos no mercado externo e as empresas viram aí a oportunidade, diante do mercado interno retraído.

Na opinião do economista Rafael Cagnin, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o mercado externo tem funcionado como uma válvula de escape. “Por isso, é grande a preocupação com a recente queda da cotação do dólar. Isso pode colocar areia na engrenagem”, disse.

De acordo com o diretor de Políticas e Estratégia da CNI (Confederação Nacional da Indústria), José Augusto Coelho Fernandes, “ninguém coloca como perspectiva a valorização cambial que tivemos no passado”, referindo-se à época em que a cotação do dólar estava na casa de R$ 2,00. “Mas é uma dificuldade para o processo de recuperação”, disse.

O que reforça os sinais de alerta é que, com a volta da confiança dos investidores no Brasil, haverá novamente um forte fluxo de investimentos ingressando no País. Principalmente porque os juros de 14,25% ao ano são bastante elevados para os padrões internacionais.

Uma prova dessa tendência é que aumentou o número de representantes de fundos estrangeiros dialogando com a área econômica em Brasília. É por isso que os exportadores começaram a se movimentar nos gabinetes governamentais.

De acordo com o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, no momento, o câmbio parece ter atingido sua taxa de equilíbrio, interrompendo o ciclo de desvalorização do real, o que é positivo para dar maior previsibilidade ao setor produtivo.

“É claro que os movimentos de curto prazo podem deixar gente assustada, mas o câmbio é flutuante”, afirmou o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida. Para ele o que pode ser feito é criar condições para esse câmbio ser mais desvalorizado e ajudar a indústria no longo prazo. “Para isso, seria necessário aumentar muito a taxa de poupança do País e isso está ligado com duas coisas: reforma fiscal e da Previdência”.

Embora seja inegável que o dólar mais barato atrapalha as exportações, ele traz outras consequências positivas para a economia brasileira, como salientou o economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero. “O dólar desvalorizado ajuda a manter a inflação baixa”, concluiu.

Fonte: Guia Marítimo