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Entendimento entre EUA e China é positivo para Brasil

Entendimento entre EUA e China é positivo para Brasil
27/04/2017

Xi/Trump

Na linha do lamentável preconceito contra a China, foi pouco noticiada a visita de dois dias (06/07 abril) aos Estados Unidos, em que o presidente Xi Jinping foi homenageado, inclusive com luxuoso banquete, pelo presidente Trump, em sua residência na Flórida. Pelos resultados alcançados, refletindo na paz e no comércio mundial, esse pode ser considerado o encontro do ano. As duas superpotências mantêm não só o maior intercâmbio bilateral do planeta (cerca de US$ 600 bilhões) mas também o de mútuos investimentos (US$ 160 bilhões). Para o Brasil, então, o cordial entendimento verificado foi bem-vindo, pois a China e os EUA são os principais investidores no País, e também os maiores importadores das exportações nacionais. Pelas declarações, após as variadas reuniões realizadas, os dois presidentes chegaram a um consenso geral, demonstrando satisfação com os resultados alcançados. Trump, após classificar de “excelente” seu relacionamento com Xi, assinalou que “seu país está disposto a intensificar ainda mais a cooperação com a China em economia, assuntos militares e intercâmbio entre pessoas”. Por seu turno, Xi afirmou que “ele e Trump aumentaram a confiança mútua, alcançaram múltiplos consensos importantes e estabeleceram boa relação de trabalho”.

Hong Kong

De fato, o porto asiático de Hong Kong é o que mais recebe, no mundo, a carne brasileira. No decorrer da lamentável operação Carne Fraca, a mídia (inclusive a TV) tem tratado essa cidade-porto chinesa como país independente: “Hong Kong em 1º e China em 2º”. Vale a pena lembrar que a ilha de HK foi troféu da Inglaterra na infame Guerra do Ópio, ficando sob domínio britânico até 1997; após essa data, mantendo o título de “economia mais aberta do mundo”. Em março, Lam Cheng Yuet, depois de eleita pelo Conselho da cidade (777 dos 1.163 votos válidos), foi nomeada chefe-executiva da Região Administrativa de HK – RAEHK pelo primeiro-ministro chinês Li Keqiang. A propósito, torna-se interessante registrar a crescente participação das mulheres na alta administração da China, que já tem Liu Yandong como vice-primeira-ministra. A outra é Shen Yueyne, vice-presidente do poderoso Comitê Permanente (com 100 parlamentares), que, durante todo o ano – após as reuniões de março da Assembleia Nacional –, fiscaliza a aplicação pelo governo das decisões aprovadas.

Vinho

Inventores da bebida, há 4.600 anos, os chineses, em Yantai, já consumiam o vinho em seus banquetes e cerimônias (livro China – Origens da Humanidade/Aduaneiras). Agora, decorridos milênios, com a bebida produzida e apreciada em vários países, afinal, tornou-se a China o maior produtor/exportador mundial de vinhos. Apenas a marca Noble Dragon (da uva Cabernet), em 2016, registrou exportações de 450 milhões de garrafas, assumindo a liderança mundial de vendas. O Noble Dragon, pela sua qualidade e bom preço, é bem vendido nos supermercados da Alemanha, Dinamarca, Holanda, Suíça e Espanha, e, agora, também na rede Sainsbury’s, na Inglaterra, com a inauguração da extraordinária ferrovia China/Londres. Interessante notar que a vinícola Changyu, produtora do Noble Dragon, situa-se na província de Shandong, onde nasceram os vinhos.

Itamar Franco

De fato, esse grande brasileiro – que também como vice assumiu a presidência da República após a cassação do titular – deixou verdadeira herança benigna com realizações fundamentais na área econômica. Sem escândalos de corrupção/lavagem de dinheiro. Em seu curto período de governo (1992/1994), extinta a crônica inflação, foi lançado o Plano Real/moeda e iniciada a tão esperada abertura e modernização dos portos, com a promulgação da Lei nº 8.630/1993, criando os terminais privados. Em outro setor, igualmente de alto interesse para o País, as relações com a China, Itamar dedicou especial atenção, registrada em telegrama ao colunista (de 17/06/1993), agradecendo “as informações técnicas e profissionais contidas no livro O Despertar da China, que me será muito útil”. Enfim, um dos melhores presidentes que o Brasil já teve.

Burocracia

A incrível burocracia que infesta e congestiona o judiciário retardou por 15 anos a decisão de proibir o recolhimento da indevida taxa do Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização (Fundaf), atendendo à petição formulada pela Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP). O Tribunal Regional Federal (TRF) aprovou, também, a restituição dos valores recolhidos desde 1992. Só que, nesses 25 anos, o mal já foi feito, com o encarecimento das exportações/importações e o custo final pago pelos consumidores, aqui e no exterior. Em oportuna circular sobre o assunto, o presidente da ABTP, Wilen Manteli, registra “a absurda morosidade do processo que obrigou o pagamento de depósitos indevidos”.

(Carlos Tavares de Oliveira é jornalista e consultor de comércio exterior)

Fonte: Sem Fronteiras