Outro dia desses ouvi dizer que um determinado terminal construiu seus píeres e pátio de contêineres alguns metros acima do padrão para se precaver de uma eventual elevação do nível do mar. Muito embora o raciocínio faça sentido, fiquei me perguntando se seria possível tomar as mesmas medidas para os acessos terrestres, pois, caso contrário, como é que os caminhões chegariam até o Gate para depositar e retirar os contêineres?
Em tempos de aquecimento global e COP 21, discussões sobre sustentabilidade ocupam um espaço cada vez maior nas agendas de governantes e executivos em todo o mundo. Estudos revelam que as organizações estão percebendo que estratégias de redução de emissão de gases de efeito estufa e políticas de sustentabilidade serão cada dia mais um fator crítico para o crescimento de seus negócios.
Embora o Shipping e a Aviação tenham ficado de fora do documento final firmado pelos 195 países signatários do acordo, grande parte das oportunidades decorrentes do combate às “pegada de carbono” repousa sobre a cadeia de suprimentos, o que fará com que a sua gestão sustentável ganhe muito mais atenção no futuro.
A questão da “pegada de carbono” encontra-se entre os temas prioritários e, mesmo que sua medição ainda não seja mandatória para os terminais portuários, na maioria dos países, essa demanda certamente chegará e os principais alvos a serem avaliados nos terminais portuários são os equipamentos para movimentação da carga, tais como: Reach Stackers, RTGs, Terminal Tractors etc. Dessa forma, há uma tendência a se estimular a eletrificação total dos terminais.
Diante das pressões por redução das emissões de gases-estufa, grandes portos mundo afora estão criando instalações denominadas Cold Ironing, que consistem em conectar o navio, quando atracado, à corrente elétrica dos terminais, de maneira que os motores possam ser desligados sem prejudicar, por exemplo, o suprimento de energia para manter a temperatura das cargas refrigeradas. Terminais nos portos de Los Angeles, Long Beach, Gotemburgo, Estocolmo, Antuérpia já fazem uso dessa tecnologia, enquanto muitos outros estão em diferentes fases de sua implementação.
No Brasil, ainda não é de conhecimento público nenhuma iniciativa em direção ao Cold Ironing, mas, dado que a maioria dos nossos principais portos estão situados em grandes centros urbanos, como Santos, Vitória, Rio de Janeiro, Itajaí, Salvador, etc., se nossos governantes estiverem de fato comprometidos em atingir as metas da assumidas na COP 21, não seria difícil imaginar que esses projetos tenham que começar a surgir muito em breve.
Fonte: Guia Marítimo