Com uma previsão de aumento de 10% a 15% nas importações, principalmente da Ásia, a Maersk Line segue otimista com comércio entre os países do Brics. As projeções apontam para um crescimento das trocas comerciais a partir do segundo semestre do ano que vem. Para se preparar para esse incremento, a armadora adquiriu 14,8 mil contêineres refrigerados.
As informações são do diretor de Trade e Marketing da Maersk Line, João Momesso. Segundo o executivo, o comércio entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os países que fazem parte do Brics, deve se intensificar principalmente pela retomada das economias brasileira e russa, além da expectativa de aumento da compra de carne pelos chineses.
Eles devem elevar em um quilo o consumo per capta anual, que deve chegar a 5,5 quilos em 2020. Apenas esse volume extra representa o total das exportações brasileiras de carne bovina para o mundo todo nos próximos quatro anos.
Por este motivo, a Maersk Line adquiriu 14,8 mil novos contêineres refrigerados, que serão somados ao investimento em 30 mil novas unidades em 2015 e outras 6 mil compradas no início deste ano.
“Nos primeiros nove meses (deste ano), a gente vê que tem mês que está com 80% de volume a mais do que no mesmo mês do ano passado de volume de carga refrigerada do Brasil para a China. No geral, esse volume está cerca de 40% mais alto nesse ano. Esse é um crescimento muito grande”, destacou Momesso.
Nas importações, o executivo lembra que o comércio com a China foi altamente impactado pela crise. Componentes eletrônicos, carros desmontados, itens de grande varejo e maquinário estão entre os produtos que costumam desembarcar nos portos brasileiros.
“O que aconteceu, principalmente no começo desse ano, é que a importação parou. E aí, como estava todo mundo receoso em relação à crise, todo mundo parou, o que fez com que os estoques fossem consumidos. E agora tem que ter uma retomada de estoque”.
Infraestrutura
Os países do Brics têm enfrentado incertezas políticas, que dificultam a realização de investimentos em infraestrutura. Este é um fator importante para ajudar os países a reduzir custos da cadeia produtiva e, consequentemente, estimular exportações.
O executivo aponta a competitividade entre os terminais de contêineres do Porto de Santos como um fator positivo para as operações portuárias. Segundo ele, isso traduz menores custos para o exportador, o que faz com que a entrega de um contêiner em Santos seja bem mais barata hoje do que no ano passado.
No entanto, Momesso aponta que ainda há investimentos a serem feitos. “O Brasil tem uma vocação exportadora muito grande. O único problema é que o custo do escoamento das commodities ainda é muito alto. Muitos desses frigoríficos, abatedouros ficam no Centro-Oeste e o custo de levar isso para os nossos portos é alto. É preciso investir na infraestrutura rodoviária e ferroviária. Tem a questão da burocracia, principalmente no Porto de Santos, que a gente viu melhorar bastante. A gente vê bastante o fruto da competição entre os terminais. Como nação, a gente tem que ver que, tirando a burocracia, a cadeia fica mais eficiente, com menores custos e mais competitiva”.
Fonte: A Tribuna