O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgou os dados da balança comercial do ano de 2015. No ano passado, houve superávit de US$ 19,681 bilhões, o melhor resultado desde 2011, revertendo o déficit alcançado em 2014 de US$ 4,054 bilhões.
No ano, a média diária das exportações foi de US$ 764,5 milhões, 14,1% abaixo da média diária registrada no ano anterior (US$ 889,7 milhões). Já a média diária das importações foi de US$ 685,8 milhões, desempenho que foi 24,3% menor que o registrado em 2014 (US$ 905,7 milhões, em média, por dia útil).
Segundo o secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho, a queda dos preços das commodities influenciou diretamente o resultado da balança comercial de 2015. “As exportações cresceram 10% em quantidade em 2015, mas a redução de 22% nos preços internacionais mitigou o ganho obtido com a alta das quantidades exportadas. Se a quantidade em 2015 fosse vendida pelo preço médio de 2014, teríamos receitas extras de cerca de US$ 37 bilhões”, afirmou. De acordo com o secretário, minério de ferro, produtos do complexo soja e petróleo foram os itens mais impactados pela queda dos preços internacionais.
Durante a coletiva de imprensa, Godinho destacou o crescimento das exportações de automóveis e a expectativa positiva em relação ao setor para o ano novo. “Tivemos um crescimento de 75,5% em unidades nas vendas para o México, de 5,8% para a Argentina e de 12,8% para o Uruguai. Com os acordos automotivos firmados com esses países e o câmbio como facilitador, acredito que teremos resultados positivos em 2016”.
Godinho ainda destacou que o atual cenário terá um impacto bastante positivo para as exportações de produtos manufaturados. “Em 2015 tivemos uma redução significativa no déficit da balança de manufaturados, que passou de US$ 109,5 bilhões em 2014 para US$ 71,9 bilhões em 2015. Como resultado, os industrializados responderam por quase 52% da pauta de exportações brasileira”, afirmou.
Para 2016, Godinho reafirmou que a expectativa é que o saldo comercial da balança alcance o patamar de US$ 35 bilhões. Para o ano, o principal desafio, segundo ele, é o andamento do acordo entre Mercosul e União Europeia. “Nossa expectativa é trocar ofertas e concluir o acordo de livre comércio com a União Europeia. A proposta do Mercosul está pronta. Aguardamos uma definição dos europeus”.
Resultado janeiro-dezembro 2015
As exportações das três categorias de produtos registraram retração em 2015 no comparativo com 2014: básicos (-19,5%), manufaturados (-8,2%) e semimanufaturados (-7,9%).
Com relação à exportação de produtos básicos, houve diminuição de receita de minério de ferro (-44,8%), petróleo em bruto (-27,1%), carne bovina (-18,5%), carne suína (-18,2%), farelo de soja (-15,9%), fumo em folhas (-11,6%), soja em grão (-8,8%), carne de frango (-8,5%), café em grão (-6,9%) e algodão em bruto (-3,7%). Por outro lado cresceram as vendas de milho em grão (28,9%) e minério de cobre (11,2%).
No grupo dos manufaturados, a retração é, principalmente, de óleos combustíveis (-61,8%), máquinas para terraplanagem (-30,1%), motores e geradores (-18,3%), bombas e compressores (-12,4%), açúcar refinado (-12,3%), motores para veículos e partes (-10,7%), autopeças (-9,9%), polímeros plásticos (-6,8%) e plataforma p/extração de petróleo (-0,8%). Por outro lado, cresceram as exportações de tubos flexíveis de ferro/aço (39,7%), laminados planos (24,5%), aviões (19%), veículos de carga (10,1%), óxidos e hidróxidos de alumínio (8,9%), automóveis de passageiros (6,6%) e papel e cartão (3,7%).
No grupo dos semimanufaturados, as maiores quedas ocorreram nas vendas de ferro fundido (-24,2%), couros e peles (-22,2%), açúcar em bruto (-19,8%), ferro-ligas (-16,7%), alumínio em bruto (-13,5%) e semimanufaturados de ferro/aço (-4,7%). Por outro lado, cresceram catodos de cobre (91,2%), madeira serrada (8,4%), ouro em forma semimanufaturada (7,0%), óleo de soja em bruto (6,9%) e celulose (6,9%).
Já nas importações, o acumulado entre janeiro e dezembro de 2015, quando comparado com mesmo período de 2014, registrou queda em combustíveis e lubrificantes (-44,3%), bens de capital (-20,2%), matérias-primas e intermediários (-20,2%) e bens de consumo (-19,6%).
Dezembro de 2015
O resultado da balança comercial em dezembro foi um superávit de US$ 6,240 bilhões, valor muito superior ao alcançado em dezembro de 2014, de US$ 298 milhões. No mês, a média diária das exportações foi de US$ 762,9 milhões, 4% abaixo da média diária de dezembro de 2014 (US$ 764,5 milhões), e 10,5% acima do registrado em novembro de 2015 (US$ 690,3 milhões). Já a média diária das importações no mês (US$ 479,2 milhões), teve queda de 38,7% no comparativo com dezembro de 2014 (US$ 781,5 milhões) e de 24% sobre novembro de 2015 (US$ 630,5 milhões).
No mês, as exportações de produtos básicos somaram US$ 6,470 bilhões, as de manufaturados US$ 7,488 bilhões e as de semimanufaturados US$ 2,469 bilhões. Na comparação com dezembro do ano passado, houve queda nas exportações de produtos básicos (-15,3%) e semimanufaturados (-1,8%), enquanto cresceram as vendas de manufaturados (8,7%).
Entre os básicos, os produtos que mais influenciaram a queda das exportações foram petróleo em bruto (-39,4%), minério de ferro (-36%), café em grão (-27,8%), carne suína (-22,2%), fumo em folhas (-16,8%), carne bovina (-15,4%), carne de frango (-6,9%), minério de cobre (-5,9%) e farelo de soja (-5,3%). Por outro lado, cresceram as vendas de soja em grão (282,9%), milho em grão (67%) e algodão em bruto (24,5%).
Já as exportações de semimanufaturados foram influenciadas principalmente por ferro fundido (-59,3%), alumínio em bruto (-31,1%), ferro-ligas (-23,2%), couros e peles (-23,1%) e açúcar em bruto (-2,5%). Por outro lado, cresceram as vendas de óleo de soja em bruto (108,9%), catodos de cobre (51,3%), ouro em forma semimanufaturada (26%), celulose (15,1%) e semimanufaturados de ferro/aço (14,1%).
No grupo dos manufaturados, quando comparado com dezembro de 2014, cresceram as vendas de plataforma para extração de petróleo, tubos flexíveis de ferro/aço (179,4%), bombas e compressores (76,2%), automóveis de passageiros (72%), etanol (66,1%), motores e geradores (31,3%), aviões (24,3%), açúcar refinado (17,2%), veículos de carga (11,1%), papel e cartão (7,3%) e calçados (0,3%).
Pelo lado das importações, decresceram as compras de combustíveis e lubrificantes (-61,9%), bens de consumo (-40,0%), matérias-primas e intermediários (-31,6%) e bens de capital (-29,3%).
No grupo dos combustíveis e lubrificantes, a retração ocorreu principalmente pela diminuição dos preços de petróleo, carvão, gás natural, óleos combustíveis, gasolina e nafta.
No segmento bens de consumo, as principais quedas foram observadas nas importações de automóveis de passageiros e partes, máquinas e aparelhos de uso doméstico, móveis, partes e peças para bens de consumo duráveis, objetos de adorno, vestuário, produtos alimentícios, farmacêuticos, produtos de toucador e bebidas e tabacos.
No segmento de matérias-primas e intermediários, decresceram as aquisições de produtos minerais, partes e peças de produtos intermediários, produtos agropecuários não alimentícios, produtos químicos/farmacêuticos, acessórios de equipamento de transporte, produtos alimentícios e matérias-primas para agricultura.
Com relação a bens de capital, decresceram os seguintes itens: maquinaria industrial, partes e peças para bens de capital para indústria, acessórios de maquinaria industrial e máquinas e aparelhos de escritório e serviço científico.