A Mac Logistic vem crescendo aceleradamente em 2016, num processo que vai no sentido contrário da maioria das empresas e dos segmentos econômicos brasileiros, e já vislumbra outros passos ambiciosos para os próximos anos. Depois de saltar da 140ª para a 60ª posição no ranking de importação de cargas do país, a empresa de logística vem buscando novos clientes em diversas áreas, com destaque para o mercado eólico no setor energético, e reforça os laços com um parceiro chinês, a Sinotrans, muito interessada no segmento portuário brasileiro. Nas últimas semanas, uma comitiva da autoridade portuária de Shangai veio ao Brasil justamente para conhecer instalações brasileiras, especialmente no Amazonas e no Rio de Janeiro, e foi ciceroneada pelos executivos da Mac Logistic. O diretor da empresa brasileira, Paulo Gomes, conta que os chineses ficaram surpresos com a eficiência das operações nacionais e demonstraram grande interesse em entender melhor o sistema de licitações do país, provavelmente se preparando para os próximos leilões de concessões que deverão ser feitos em breve. “O Porto de Shangai tem muito interesse em formar parceiros aqui no Brasil. Quiseram saber como funcionam as despesas que os usuários têm, como funcionam as receitas dos operadores portuários e os detalhes das licitações”, afirma.
Como é a atuação da Mac Logistic na área de energia?
Nossa atuação em energia é focada no setor eólico. A empresa é orginalmente americana, da década de 80, mas nos anos 90 ela veio para o Brasil, se estabeleceu aqui, e em 2010 o sócio brasileiro, Everaldo Barros, adquiriu 100% da companhia, que hoje é totalmente nacional. A matriz de Miami passou para São Paulo, mas a unidade de lá continua ativa.
Qual o foco dos serviços da empresa?
Trabalhamos no agenciamento de frete aéreo, marítimo, desembaraço aduaneiro, em cargas de projeto, chegando ao ponto de trazer uma aciaria completa da Gerdau, que envolveu quase mil contêineres e 5 mil metros cúbicos de peças soltas. Tudo para uma fábrica da empresa, que é o nosso principal cliente. Somos responsáveis por 100% da importação da Gerdau, com serviço de porta a porta.
Também fizemos toda a importação dos vagões de trem, para Campo Grande, no Mato Grosso, e temos clientes, além da Gerdau, como Monsanto, Sika e Nordex Acciona, que é a quinta maior empresa de geração eólica do mundo.
O caso do setor eólico, o que a empresa já fez?
Estamos envolvidos no polo de energia da Nordex Acciona em Salvador, em Pecém e no Rio Grande do Sul. Fizemos toda a parte logística de coleta dos aparelhos deles na Espanha e de alguns outros países, como Alemanha e China, para a montagem dos três parques da empresa, no Ceará, na Bahia e no Rio Grande do Sul. Agora eles estão iniciando o quarto parque, que também será na Bahia, e nós já começamos a fazer o carregamento lá na Espanha.
Como foi a visita da delegação chinesa ao Brasil?
Nós temos um parceiro da China, que é uma empresa estatal de lá, a Sinotrans (o quinto maior agente logístico do mundo), e eles nos solicitaram que recebêssemos a delegação do governo de Shangai e da autoridade portuária de lá.
Eles queriam conhecer alguns portos e trocar experiências com autoridades portuárias. Eles tinham muito interesse em conhecer a unidade em Manaus e visitaram as instalações de um parceiro nosso lá, o Super Terminais. Viram como funciona um porto de rio, como foi desenvolvida uma solução para se adaptar à nivelação das alturas da maré do rio, que chega a variar 15 metros, e ficaram muito surpresos de ver uma operação tão eficiente como aquela, no meio do Amazonas, no rio Negro, que é o maior afluente do segundo maior rio do mundo. Depois estiveram no Rio de Janeiro, com a autoridade portuária do Porto do Rio, e conheceram também Sepetiba, Niterói e Angra.
Quais os interesses demonstrados pelos chineses em termos de investimentos no nosso setor portuário?
Tiveram muito interesse em conhecer como funcionavam as licitações, para saber como são os contratos de arrendamento das áreas portuárias, tanto para contêiner, carga geral quanto para o setor offshore.
O Porto de Shangai tem muito interesse em formar parceiros aqui no Brasil. Quiseram saber como funcionam as despesas que os usuários têm, como funcionam as receitas dos operadores portuários e os detalhes das licitações. Não declararam abertamente esse interesse, mas o fato de virem aqui e buscarem esses detalhes, deixa no ar essa informação.
Como é a parceria da Mac com os chineses?
Nossa parceria com eles é no agenciamento de carga aérea e marítima, para carga de projeto, e temos uma exclusividade com a movimentação de carga refrigerada. Só nos fazemos esse tipo de serviço para eles. São usados muito no envio de alimentos congelados daqui para lá. Inclusive, estivemos na China quatro vezes nos últimos dois anos, para conhecer as instalações deles lá.
A Mac Logistic tem interesse no setor offshore?
Nesse momento não temos nenhum plano para isso, mas no caso de vir uma parceria forte da China, teríamos interesse sim. Mas é um momento difícil na área. Nessa visita ao Rio, ouvimos de muita gente que estão desinvestindo nesse segmento.
Qual o planejamento estratégico da Mac para os próximos anos?
A Mac Logistic estava em posição 140 no Brasil em 2015 na lista de importação. Este ano, com o resultado dos quatro primeiros meses, chegamos à posição 60. Ou seja, nesse período subimos 80 posições, por conta de termos dobrado o nosso movimento nesses meses, enquanto a média da indústria caiu cerca de 25%. Nossa meta é chegar ao final de 2016 na posição 40, com o objetivo de chegar ao top 20 até 2020, o que demandará um crescimento de mais 50%.
A empresa tem planos de expansão?
Estamos muito concentrados no Brasil, mas o que temos em vista é um plano de formação de joint ventures com agentes logísticos em locais estratégicos que vai nos colocar num patamar bem mais forte para concorrer contra agentes internacionais. Mas não posso dar detalhes desse processo ainda.
Fonte: Daniel Fraiha para Petronotícias