Mesmo sem o tão sonhado Polo Naval, negociado com o Estado há anos, o setor apresenta crescimento de cerca de 29,55%, no primeiro trimestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2015. A arrecadação do segmento alcançou um volume de US$ 16,77 milhões em relação ao ano anterior, quando alcançou apenas US$ 12,94 milhões.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria Naval, Offshore e Reparos do Amazonas (Sindnaval), Mateus de Oliveira Araújo, a indústria naval de Manaus emprega um total de 8.572 postos de trabalho direito, e mais de 24 mil indiretos. E o segmento tem demanda para este ano de 90 navios para o mercado da soja na região sudeste do país
“Temos uma demanda de seis a sete navios em andamento, para empresa privadas. Temos uma indústria naval eficiente, embora tenhamos um parque que precisa de otimização, melhora. Precisamos otimizar o que já é bom, em relação ao financiamento”, afirma o presidente do sindicato.
De acordo com Araújo, a indústria naval está construindo os últimos navios para empresas privadas e alguns navios de sal, para o Rio Grande do Norte. “Apesar da crise, que o mercado como um todo sofre, um pouco por conta das incertezas, não temos sofrido como os outros segmentos que dependem diretamente de contratos com a Petrobras, como as indústrias do sul do país, que muitas estão fechando”, observa.
Segundo o presidente das indústrias navais do AM, o polo naval de Manaus, apesar de ter se falado pelo atual governo que seria uma política de implantação da economia do Estado, o governo não mostra interesse no setor. “O polo naval está amarrado nesse tronco das audiências públicas. Mas o governo, não sei de por forças ocultas, ainda não fez as suas. O Sindnaval vê com desanimo o interesse governo no setor. Quando ele diz que as novas matrizes econômicas serão a fruticultura e a monoculturas, ele dá sinais desse desinteresse no setor naval”, lamenta.
De acordo com a Secretaria de Estado do Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Ciência Tecnologia e Inovação (Seplan-CTI), as decisões estão sendo tomadas pela secretaria em conjunto com a Procuradoria Geral do Estado (PGE), para reavaliar as possibilidades de responder as demandas da Justiça. Segundo a secretaria, o projeto vai passar por uma nova avaliação, no âmbito da Justiça, e da procuradoria.
Em nota, a pasta informou que é a responsável pelo projeto, cuja viabilidade segue em sob avaliação. Sobre os embargos da Justiça, a Seplan-CTI diz que o Estado tem outros entendimentos sobre o caso, e que já foi exposto para os órgãos competentes, mas não foram aceitos. “Vamos continuar nos articulando para que ele seja instalado, pois o projeto é importante para este governo”, afirma.
Puraquequara
Na última segunda-feira (23), a Justiça Federal no Amazonas manteve a suspensão de todas as medidas referentes à implantação do polo naval no Estado do Amazonas, enquanto não houver a realização de consulta prévia aos povos tradicionais da região. Até o ano passado, o Estado mostrava interesse de implementar o projeto na região do Puraquequara, Zona Leste de Manaus, onde realizaria a construção do polo e garantiria aos moradores das proximidades contrapartidas como preparação para trabalhar no setor.
A suspensão havia sido determinada em caráter liminar, em maio de 2014, após pedido do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF-AM) em ação civil pública e foi confirmada com a sentença judicial. A Justiça também anulou decreto que declarou de utilidade pública áreas do Puraquequara.
Fonte: Em Tempo/Stênio Urbano via Portos e Navios