A necessidade de retomada econômica do Brasil nos próximos anos ampliará as demandas por uma maior eficiência na infraestrutura de transporte e, principalmente, reforçará a percepção da necessidade de o País dispor de rodovias com maior nível de qualidade. É o que apontou a pesquisa CNT de Rodovias 2016, uma iniciativa conjunta da CNT (Confederação Nacional do Transporte) e do SEST SENAT. De acordo com o estudo assegurar a recuperação e a expansão da nossa malha rodoviária mostra-se imprescindível para permitir um crescimento social e econômico com bases permanentes.
De fato, com uma extensão total de 1.720.756 km, abrangendo toda a malha rodoviária federal e as principais rodovias estaduais do País, apenas 12,3% (211.463 km) são pavimentadas, enquanto no comparativo com outros países como EUA, China e Rússia, esse número é bem maior 438.1 km, 359,9 km e 54,3 km, respectivamente.
O resultado pouco satisfatório das condições das rodovias se agravam mais pela sobrecarga de demanda nas estradas brasileiras, aliada à ausência de investimentos em manutenção e cada vez menos investimentos, o que contribui ainda mais para a depreciação da malha rodoviária brasileira.
Na opinião de Alan Rubio, diretor de logística da CargoX, entre as principais barreiras enfrentadas pelo modal rodoviário está a degradação das estradas e as altas taxas de pedágio, para ele, esses dois pontos são muito relevantes, pois impactam diretamente no valor final do frete, no custo do caminhão e outras diversas coisas. “Para que possamos saná-las temos que partir da otimização, trecho mais curtos auxiliam nesse processo e a ligação com outros modais, como o náutico, diminuem os custos. Imagine, por exemplo, que um caminhão ao invés de rodar 1000 km, poderia rodar 300 km e entregar a carga em um porto, isso faria que o caminhão rodasse menos, se degradasse menos e o transporte seria mais ágil”, salientou.
De acordo com o estudo CNT, há anos o modal rodoviário tem sido a principal alternativa para a movimentação de cargas, com participação de 61,1%, seguido pelos modais ferroviário (20,7%), aquaviário (13,6%), dutoviário (4,2%) e aéreo (0,4%).
Porém, a necessidade cada vez maior de infraestrutura nas estradas e segurança no transporte para evitar roubos, são alguns dos pontos negativos na hora de transportar essa carga pelo modo rodoviário, um estigma negativo que marca o modo de transporte, apesar de ainda ser o mais usado.
Com a entrada da MP 752, com o objetivo de melhorar e atrair mais investimentos para o setor, veio a oportunidade de resolver a readequação de contratos desequilibrados. Na opinião do executivo, qualquer investimento realizado de forma estratégica sem gastos desnecessários e que vise uma melhor estruturação do cenário é importante, mas salienta “que ela precisa ser real, precisa ser vista na prática”. E afirma: “As concessões são importantes e precisam beneficiar todos os envolvidos, não somente uma parte deles, então a discussão precisa ser ampla e envolver todos os participantes”.
Outro quesito destacado por Rubio é a necessidade de realizar uma melhor seleção dos profissionais, “uma análise mais profunda dos prestadores de serviço e comprovar isso fará com que o modal transmita maior segurança e apague as possíveis imagens ruins que possui”.
O gerenciamento ativo dos transportes e a criação do plano de rota do motorista, também são ações que, segundo ele, precisam ser revistas. “Precisamos levar em conta não só o valor monetário da carga, mas a importância dela, então precisamos ter a segurança de onde ela vai passar, aonde irá passar e afins”. Mesmo assim, as expectativas da CargoX são positivas. “Projetamos crescimento, faturamento mais alto e conquista de uma fatia importante do segmento. Nosso modelo inovador ajuda para que a evolução ocorra, mesmo com o mercado sofrendo com a crise”.
No entanto, para o mercado como um todo, a visão do executivo já é mais pessimista. “Sabemos que empresas que não se renovarem irão sofrer com essa crise. Temos que analisar como o cenário da macroeconomia irá reagir e se adaptar as mudanças”, disse.
Para driblar esse cenário de crise, o diretor de logística da CargoX disse trabalhar intensamente junto aos seus clientes. “A fidelização é um trabalho importante, pois o cliente que se mantem parceiro por longos períodos vê um valor agregado maior na marca, assim, podendo até realizar investimentos maiores por causa da satisfação e soluções apresentadas”, e lembra que diminuir os custos e otimizar a sua malha logística é importante, “pois fará com que sua margem cresça, fazendo com que seja mais vantajoso cada trabalho”.
Fonte: Guia Marítimo