China cresceu 6,9% no primeiro trimestre do ano, superando as expectativas, anunciou nesta segunda-feira (17) o governo, em mais um sinal da progressiva estabilização da segunda maior economia do planeta.
As autoridades de Pequim têm como objetivo passar de um modelo econômico dependente do investimento para outro baseado no consumo, mas a transição está sendo mais complexa do que o esperado.
No conjunto de 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu 6,7%, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos.
“Pela primeira vez nos últimos anos a China começa o ano com um PIB forte”, disse Raymond Yeung, do Australia & New Zealand Banking Group, à agência Bloomberg.
“Graças ao investimento forte e à propriedade, a economia está registrando bons resultados”, completou.
O crescimento de 6,9% anunciado pelo Escritório Nacional de Estatísticas representa a segunda melhora do PIB desde o último trimestre de 2014.
O resultado também supera a média de 6,8% de crescimento prevista pelos analistas consultados pela AFP.
“A economia nacional no primeiro trimestre manteve seu impulso de desenvolvimento constante e robusto”, afirma o Escritório em um comunicado.
“Continuam emergindo dados positivos e os grandes indicadores apresentaram resultados melhores que o esperado”, completa a nota.
Os dados publicados nesta segunda-feira também mostram que a produção industrial cresceu 7,6% em ritmo anual em março, superando as expectativas de 6,3% da agência Bloomberg.
As vendas no varejo subiram 10,9% em ritmo anual em março – também acima das expectativas – e os investimentos em ativos fixos no primeiro trimestre avançaram 9,2%.
Os dados também mostram bons resultados no comércio externo e na atividade manufatureira, estimulada pelo aumento da produção e da demanda.
Sem mudança de modelo
Brian Jackson, da IHS Global Insight, destaca que o crescimento no primeiro trimestre foi impulsionado pela indústria e a construção.
“O crescimento da mineração, manufatura e das infraestruturas acelerou, enquanto o de serviços freou”, afirmou.
Raymond Yeung e David Qu, da ANZ Research, advertem que os gastos em infraestruturas para acelerar o crescimento demonstram que Pequim segue preso ao “antigo” modelo econômico.
“As autoridades têm a tendência de apoiar-se no desenvolvimento de infraestruturas para sustentar o crescimento”, afirmam, ao citar como exemplo o anúncio no mês passado da criação de uma grande zona econômica na região relativamente remota de Xiong’an.
A notícia da criação desta zona, que pode chegar a 2.000 quilômetros quadrados, disparou uma onda de especulação imobiliária.
Desde o ano passado o crédito barato estimula o setor imobiliário chinês, com a presença de especuladores, o que aumenta os preços nas grandes cidades e acelera a atividade manufatureira.
Mas o crescimento da economia chinesa pode não ser confirmado nos próximos meses.
“Nossos dados de atividade econômica apontam um início forte em 2017, mas não esperamos que o crescimento permaneça”, afirma Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics.
“Com o fim da aceleração do crédito, que ajudou a estimular a recente recuperação, acreditamos que a recuperação começará a desacelerar em breve”.
O próprio governo chinês reduziu a previsão de crescimento do PIB em 2017 a um resultado “por volta de 6,5%”.
Fonte: G1