A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse nesta quinta-feira (5), que o mundo está vivendo uma recuperação econômica, abrindo uma janela para os países tocarem reformas destinadas a alcançar uma prosperidade mais ampla e duradoura.
“A muito esperada recuperação global está criando raízes”, disse ela em um pronunciamento nesta noite na Kennedy School of Government de Harvard.
Países ao redor do mundo vivem uma expansão econômica renovada ou sustentada, e isso coincide com maior estabilidade dos bancos e confiança dos mercados, afirmou.
“Será que o mundo pode agarrar a oportunidade de uma ascensão para garantir a recuperação e criar uma economia mais inclusiva, que funcione para todos?”, questionou.
Os apontamentos de Lagarde foram feitos uma semana antes do começo do encontro anual de FMI e Banco Mundial com 189 países membros, no qual o Fundo vai revelar suas previsões atualizadas para o crescimento global.
Desde o ano passado, o FMI enfrenta uma onda de populismo nos países desenvolvidos, com forças hostis ao liberalismo comercial ascendendo nos Estados Unidos e na Europa.
Mas Lagarde destacou que o que ela disse tem ameaças no horizonte, inclusive crescimento lento, desigualdade crescente em economias avançadas e fracasso na adaptação às mudanças tecnológicas.
“Como resultado, nosso tecido social está desgastado, e muitos países estão vivenciando polarizações políticas elevadas”.
Lagarde disse que a falta de ações “deixaria uma boa recuperação ir para o lixo”, levando ao crescimento fraco, criação de empregos lenta, redes de segurança desgastadas e sistemas financeiros expostos a crises futuras.
Além de pedir políticas monetárias e fiscais que estimulem o crescimento, Lagarde também afirmou que os países deveriam investir em infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento para impulsionar a produtividade e a demanda, o que pode reduzir o desemprego e os subempregos.
Expandir o acesso à saúde e à educação, bem como a adoção de impostos progressivos, pode ajudar a reduzir a desigualdade, acrescentou.
“Pesquisas do FMI mostram que a desigualdade excessiva dificulta o crescimento e esvazia a base econômica de um país”, afirmou. “Ela erode a confiança na sociedade e alimenta tensões políticas”.
Lagarde também disse que a mudança climática é “uma ameaça a cada economia e a cada cidadão”. Ela exemplificou com o caso de Bangladesh, onde uma alta de 1ºC anual em média na temperatura reduziria o PIB per capita em quase 1,5%.
“Tomadores de decisão devem usar todas as ferramentas à sua disposição para agir agora”, disse ela.
Fonte: G1