O dólar fechou em alta alta nesta segunda-feira (29), no primeiro dia de negócios após o segundo turno das eleições. A moeda chegou a cair abaixo de R$ 3,60, mas mudou de rumo com investidores aproveitando os preços atrativos para irem às compras, depois da vitória de Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições presidenciais.
A moeda norte-americana encerrou o dia em alta de 1,51%, vendida a R$ 3,7068. Veja mais cotações. O dólar turismo encerrou a R$ 3,86, sem a cobrança de IOF.
Dólar sobe e bolsa fecha em queda. E eu com isso?
A moeda chegou a ser negociada a R$ 3,5823 no início da sessão. Desde maio, a moeda não era negociada abaixo de R$ 3,60 – no dia 10 daquele mês, o dólar fechou em R$ 3,5461. Na máxima do dia, a divisa dos EUA chegou a R$ 3,7173.
“Boa parte da vitória já estava precificada”, lembrou à Reuters o sócio da assessoria de investimentos Criteria Investimentos, Vitor Miziara, mais cedo, quando o recuo da moeda perdia força.
A crença de que Bolsonaro seria eleito na véspera fez com que o dólar ficasse mais barato em 20 centavos de real entre o primeiro e segundo turno, mas a continuidade desta queda passa a depender do que o novo governo vai implementar de fato.
A correção do mercado nesta sessão, no entanto, atraiu investidores de olho nos preços mais baixos, enquanto aguardam novidades para precificar nos ativos.
“Os próximos drivers para o dólar local serão a divulgação da equipe econômica e esclarecimentos em relação ao plano de governo”, afirmou Miziara, referindo-se a questões como controle de gastos e reforma da Previdência.
Em seu primeiro discurso após ser declarado vitorioso, Bolsonaro prometeu respeitar a Constituição, fazer um governo democrático e unificar o país, além de defender compromisso com a responsabilidade fiscal.
O economista Paulo Guedes, que comandará o Ministério da Fazenda no novo governo e foi o principal motivo para Bolsonaro angariar o apoio do mercado financeiro, declarou que buscará zerar o déficit fiscal em um ano, além de colocar a reforma da Previdência como prioridade.
Após superar o patamar de 88 mil pontos e bater recorde intradia com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência do país, o principal índice da bolsa brasileira, a B3, fechou em queda de 2,24%.
Atuação do BC
O Banco Central vendeu nesta sessão 7,7 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou US$ 7,70 bilhões do total de US$ 8,027 bilhões que vence em novembro. Se mantiver essa oferta amanhã e vendê-la integralmente, terá feito a rolagem total dos contratos.
Agenda reformista
De acordo com a Reuters, o recuo do dólar ante o real já durante a corrida pelo segundo turno das eleições foi em decorrência da precificação da presença do liberal Paulo Guedes na equipe de Bolsonaro como ministro da Fazenda, responsável por implementar medidas caras ao mercado, como ajuste fiscal, privatizações e reforma da Previdência. Mas esse otimismo entre os investidores só vai se manter se a agenda reformista andar.
“O mercado confia no Paulo Guedes, há a crença de que ele pode atrair investimentos grandes e duradouros para o país, o que significa que pode entrar bastante dinheiro no Brasil e o dólar vai ficar mais barato”, avaliou à Reuters o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer.
Desta forma, entre os profissionais do mercado, segundo a Reuters, a moeda entre R$ 3,60 e R$ 3,70 seria um bom intervalo de preços para esse cenário principal imediato, com potencial adicional de queda com novidades que agradem o mercado, como a confirmação de que Ilan Goldfajn pode permanecer na presidência do Banco Central, cargo que ocupa desde junho de 2016.
A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2018 recuou de R$ 3,75 para R$ 3,71 por dólar, segundo previsão de economistas de instituições financeiras divulgada pelo boletim de mercado, também conhecido como relatório “Focus”. Para o fechamento de 2019, permaneceu estável em R$ 3,80 por dólar.
Fonte: G1