Empresas instaladas na Baixada Santista que pretendem diversificar atividades têm, no Porto de Santos, uma possibilidade bastante atraente, mesmo que pareça complicada. Para sanar todas as dúvidas e orientar empresários a iniciarem exportações de produtos ou serviços, foi criado o Programa de Qualificação para Exportação (Peiex) da Investe São Paulo. A ideia é orientar sobre os trâmites e indicar possíveis rotas de exportação e parceiros.
O programa é desenvolvido por meio de uma parceria entre a entidade, ligada ao Governo do Estado, e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Representantes da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) também atuam no Peiex. E tudo sem custo para o empresário.
“Nós queremos trabalhar com as empresas de Santos e região para que todos possam explorar o modal marítimo. A gente acha que exportação é colocar o produto em um navio para que ele chegue em outro País. Mas, na verdade, o destino pode, até, ser o próprio navio. Se ele é de bandeira italiana, você já está exportando para a Itália. E de uma forma bem simples, claro, cumprindo os trâmites requeridos para exportar. A nossa ideia é identificar empresas da região que tenham esse potencial”, destacou o diretor do Investe São Paulo, Sérgio Costa. De acordo com o executivo, o objetivo do programa é levar uma consultoria para empresas que tenham produtos ou serviços exportáveis.
“Há produtos que já são bem aceitos aqui dentro e, às vezes, o empresário nunca pensou em exportar. A gente leva uma consultoria sem ônus para a empresa e ela a ajuda a preparar um plano de exportações, em que, ao olhar o produto ou o serviço, vai ajudá-la a identificar o potencial de exportar”, destacou. Segundo Costa, a capacitação das empresas dura três meses. Nesse tempo, as atividades delas passam por um processo que envolve a análise de pontos fracos e fortes do produto ou serviço.
Ao final do projeto, é elaborado um plano de negócios para melhorar ou iniciar estratégias estruturadas de exportação. As empresas interessadas em participar do projeto devem ter CNPJ válido e um produto ou serviço que possa ser exportado, segundo a Investe São Paulo. De acordo com a entidade, são selecionadas para capacitação as empresas que tenham perfil e potencial para exportação no Estado de São Paulo.
“O nosso papel é fazer pontes, mostrar para empresas pequenas e micro que elas não precisam criar um departamento inteiro para poder exportar”, afirmou Costa. Desafios Entre os desafios que devem ser enfrentados por novos exportadores está o desconhecimento. Regras, procedimentos e até empresas do setor devem ser apresentadas a quem pretende ingressar no mercado internacional.
“Um dos nossos papéis nessa consultoria é ajudar a empresa a acessar as ferramentas que, por exemplo, o Sebrae ou o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) podem oferecer em certificações internacionais ou readequação de produtos e linhas de financiamento com juros menores do que o praticado no mercado”, disse. Costa destacou, ainda, um segundo entrave que dificulta as exportações: o tamanho do mercado brasileiro. Isto porque muitas empresas, diante da grande demanda do mercado interno, nem pensam em exportar. “Normalmente, elas nascem e crescem pensando em atender somente o mercado doméstico, que é gigantesco. Somos mais de 200 milhões de habitantes”.
Também há quem pense que seja necessária uma estrutura muito grande para entrar no mercado internacional. Mas, diante das facilidades oferecidas, o plano se torna mais simples do que se imagina. “Nós trabalhamos também com parceria estreita com entidades que congregam empresas comerciais exportadoras que podem fazer os processos burocráticos, de modo que ela (a empresa) consiga exportar sem necessariamente ter que conhecer ou entender toda a burocracia que passa por ali”, afirmou o diretor da Investe São Paulo.
Empresas tendem a elevar qualidade para competir
Além de diversificar as fontes de renda com as vendas direcionadas ao mercado internacional, iniciar a exportação de produtos ou serviços pode ser muito bom para os negócios no Brasil. A tendência é que as empresas passem a se preocupar mais com a competitividade e, consequentemente, com a qualidade da sua produção nacional. “Há pesquisas comprovando que as empresas que exportam melhoram a sua gestão, a qualidade dos produtos e também se tornam mais competitivas dentro do mercado brasileiro. Elas estão expostas à concorrência internacional e fazem o dever de casa de melhorar processos, produtos e a qualidade do serviço. Automaticamente, ficam mais fortalecidas para competir aqui dentro e lá fora”, explicou o diretor da Investe São Paulo, Sérgio Costa.
Segundo o executivo, com o Porto de Santos, as possibilidades de exportar até mesmo produtos que possam parecer básicos aumentam. Tudo por causa do movimento natural de navios estrangeiros diariamente na Cidade. “Quando a empresa fornece para um cruzeiro marítimo que atraca no Porto de Santos, isso é uma exportação de serviço, de alimentos ou até mesmo de manutenção. A região é extremamente vocacionada para explorar isso”, afirmou.
Diversificação
O Porto de Santos também é porta de saída de produtos da Capital e de empresários que diversificaram investimentos. É o caso da Cat My Pet, empresa de utensílios voltados para amantes de gatos, como canecas, almofadas e artigos para decoração, e seus bichinhos, que contam com comedores, brinquedos e artigos de higiene. “Somos uma empresa iniciante, uma startup com apenas três anos e conhecemos o Peiex (Programa de Qualificação para Exportação) em um evento. Temos bastante demanda de fora do Brasil, mas nós não sabíamos muito bem como atender por causa dos trâmites de exportação, a burocracia que envolve”, afirmou a empresária Agnes Cristina, sócia da empresa.
A Cat My Pet já havia feito algumas exportações, mas considerava o mercado caro por causa do alto custo do frete. Agora, na reta final do Peiex, os planos foram ampliados. “A gente tem conversado e está orçando, fechando algumas questões para que não tenhamos barreiras técnicas com relação aos produtos”, declarou.
Agnes destacou também que “vamos utilizar o modal marítimo, com certeza, por conta do volume dos nossos produtos. Estamos fazendo cotação de frete e entrega para ver o modelo mais viável a ser utilizado”.
Vantagens
Para ela, entre as vantagens do treinamento estão a facilidade de lidar com parte burocrática, que inclui uma grande documentação a ser providenciada pelos empresários. Também são oferecidas dicas voltadas à cultura dos compradores, de acordo com o ramo explorado. “Cada detalhe é descrito em aula. Documentação, frete e até a parte cultural eles abordam para a que gente se posicione bem na parte de comunicação voltada a outra cultura, para não cometermos alguma gafe e, de repente, perdermos algum negócio por isso”, afirmou a empresária Agnes Cristina.
Fonte: A Tribuna via Brazil Modal