O investimento nos portos brasileiros atingiu o patamar mais baixo em 14 anos. No ano passado, foram investidos apenas R$ 175 milhões de um total previsto de R$ 660 milhões.
Os dados integram um levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e levam em conta os investimentos aplicados nas Companhias das Docas.
O estudo faz parte de um documento elaborado pela entidade com 43 temas que será entregue para os candidatos a presidente.
“Há uma incapacidade gerencial e normalmente as docas estão embaixo de um apadrinhamento político”, diz o gerente de infraestrutura da CNI, Wagner Cardoso.
As Companhias das Docas têm um papel fundamental na qualidade dos portos brasileiros. São elas, por exemplos, responsáveis pela manutenção do acesso terrestre aos terminais.
Na avaliação do professor da Fundação Dom Cabral Paulo Resende, as docas são apenas um dos entraves do sistema portuário brasileiro. Ele aponta gargalos como a grande concentração do uso do porto de Santos para a exportação e o atraso tecnológico, sobretudo nos portos públicos.
“Nos portos públicos, o atraso tecnológico é de no mínimo 15 anos quando comparado com outros países”, diz Resende. “A tecnologia nos grandes portos é um dos fatores importantes para a competitividade porque aumenta a eficiência e reduz a burocracia.”
Na avaliação da CNI, a solução para a Companhia das Docas é a privatização. O Programa de Parceria de Investimento (PPI) do governo federal, já prevê, por exemplo, a desestatização da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) e de vários terminais.
“O modelo atual está nos afastando dos padrões mundiais de navegação”, diz Cardoso.
Fonte: Globo
Foto: José Patrício/Estadão