O dólar fechou em baixa nesta quinta-feira (21). O Banco Central intensificou sua atuação no mercado de câmbio após a moeda ter atingido R$ 3,80 nesta tarde. O mercado também reagiu à decisão de manter a taxa de juros em 6,5% e acompanhou as tensões comerciais entre EUA e China.
A moeda norte-americana recuou 0,44%, a R$ 3,7617, após abrir o dia em queda. Na máxima do dia, a cotação chegou a R$ 3,8029 e na mínima, a R$ 3,7549. Já o dólar turismo era vendido perto de R$ 3,91, sem considerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
No dia anterior, o dólar subiu 0,82%, vendida a R$ 3,7782. Na máxima do dia, chegou a R$ 3,7867 e na mínima, a R$ 3,707.
Guerra comercial
As preocupações sobre uma guerra comercial entre a China e os Estados Unidos continuam influenciando os mercados de câmbio em diversos países, afetando especialmente moedas dos emergentes.
O Ministério do Comércio da China acusou os Estados Unidos de serem “caprichosos” em relação às questões comerciais bilaterais, e alertou que os interesses dos trabalhadores e produtores agrícolas norte-americanos acabarão sendo afetados.
Na segunda-feira, o presidente Donald Trump ameaçou atingir US$ 200 bilhões em importações chinesas com tarifas de 10% se a China retaliar um anúncio anterior para atingir US$ 50 bilhões de em importações.
Tanto o índice de Xangai, como o CSI300 da China sofreram perdas de mais de 1%, com o fechamento de Hong Kong em seu menor valor em seis meses, segundo a Reuters.
Intervenção do BC
Pela manhã, quando o dólar chegou ao patamar de R$ 3,80, a autoridade monetária ofertou e vendeu integralmente 20 mil novos swaps cambiais, equivalentes à venda futura de dólares, o que reduziu o movimento de alta da moeda norte-americana naquele momento.
Durante a tarde, no entanto, o dólar voltou a subir e o BC fez o segundo leilão, com as mesmas condições e resultados do primeiro. Com isso, já injetou o equivalente a US$ 4 bilhões em swaps, do total de 10 bilhões de dólares prometido para esta semana.
“O BC não está deixando a moeda ir além dos R$ 3,80”, afirmou o gerente da mesa de câmbio do banco Ourinvest, Bruno Foresti.
O BC também realizou leilão de até 8.800 swaps para rolagem do vencimento de julho, vendidos integralmente. Assim, já rolou 6,6 bilhões de dólares do total de 8,762 bilhões de dólares que vence no mês que vem. Se mantiver e vender esse volume até o final do mês, fará rolagem integral.
Entre os dias 8 e 15 passados, o BC já havia feito leilões de novos swaps, equivalentes a 24,5 bilhões de dólares, para tentar acalmar os mercados diante de preocupações com a cena externa e política local, a poucos meses das eleições de outubro.
“Acho que ele deveria deixar o câmbio flutuar um pouco. Espero que anuncie apenas que vai atuar no mercado cambial quando necessário”, acrescentou Foresti, para quem o efeito surpresa poderia ter mais efeito sobre o mercado.
A opinião é compartilhada por outros especialistas, que avaliam que o mercado esteve mais racional nesta semana e o BC apenas deveria reforçar que seguirá monitorando as condições, sem anunciar previamente o volume das intervenções que pretende fazer.
Na véspera, o Banco Central decidiu pela segunda vez manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 6,5%. O BC avalia que conseguirá segurar a inflação dentro da meta de 4,5% neste ano apesar da volatilidade no câmbio e dos efeitos da greve dos caminhoneiros nos preços.
Fonte: G1