Meses atrás, após a divulgação, pela Secex/Mdic, dos dados referentes ao comércio exterior brasileiro no primeiro semestre de 2016, escrevi de forma bastante entusiasmada aqui nesta mesma coluna um artigo (A Balança e a Economia) no qual, de forma resumida, demonstrava o seguinte:
• Em volume, as exportações cresceram 11%, contra uma queda de 4% em valor;
• Com exceção do Café (-9%), Tabaco (-2%) e Tecidos (-8%), todos os demais grupos de mercadorias exportadas apresentaram crescimento de volume nesse período;
• No ranking dos grupos de mercadorias exportadas que reportaram os maiores incrementos de volume no 1º semestre, merecem destaque: Grãos e Cereais (31%), Açúcar (21%), Madeira (24%), Alimentos e Bebidas (69%), Plásticos e Resinas (63%), Cerâmicas (28%), Veículos e Partes (31%) e Algodão (43%);
• O Brasil vem consolidando sua posição de “Celeiro do Mundo” e, com isso, o volume de containers, granéis vegetais e carga geral movimentado pelos portos brasileiros continua crescendo, apesar da desaceleração do comércio internacional, o que se traduz em boas oportunidades de investimentos.
Na última semana, contudo, fiquei ainda mais empolgado ao ler que, de acordo com informações da OMC (Organização Mundial do Comércio), o Brasil é o país com maior aumento de exportações no ano (Valor Econômico 28/09/16)!
De acordo com a matéria, entre as grandes economias do mundo, as exportações brasileiras em volume foram as que mais cresceram – aumento 12% no 1º Sem/2016, sendo que os países que chegaram mais próximos desse crescimento foram a Argentina (8%) e a Austrália (7%).
Evidente que a notícia em si é digna de comemoração, já que demonstra cabalmente que, apesar de em valor nossas exportações estarem caindo – muito em função da grande desvalorização do Real frente ao Dólar -, em volume/quantidade (e pode-se dizer que também em R$), as exportações brasileiras estão de fato indo muito bem em relação ao restante do mundo, apesar de a mesma matéria trazer um alerta do diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, de que a queda do comércio mundial é particularmente inquietante em meio à hostilidade crescente em relação à globalização.
Recentemente, meu colega Robert Grantham publicou também aqui no GM uma matéria intitulada (A 4ª revolução industrial e o Transporte Maritimo) em que debate os impactos das novas tecnologias, a partir das quais as fronteiras entre as esferas físicas, digitais e biológicas se encontram e, por isso, muitas instâncias se confundem. Isso levaria, ou levará, a uma demanda menor por transporte marítimo e um retorno à produção local o que talvez em parte explique, juntamente com uma crescente hostilidade à globalização, como dito pelo Diretor Geral da OMC a queda do comércio mundial. Mas volto a dizer: as exportações do Brasil foram as que mais cresceram nesse ano. Uma contradição? Não, pois como grande produtor de alimentos e matérias primas, nos encontramos em posição privilegiada para atender a uma demanda mundial que passa, em grande parte, ao largo da 4ª revolução industrial.
Minha maior empolgação, contudo, deve-se ao fato de perceber que os veículos de comunicação estão começando a “virar a chave”, trazendo manchetes mais animadoras e tão fundamentais quanto medidas acertadas do Governo para a retomada da confiança e, consequentemente, dos investimentos.
Font: Leandro Barreto para Guia Marítimo