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Brasil e Argentina devem batalhar pelo Mercosul, diz cônsul do país vizinho

Brasil e Argentina devem batalhar pelo Mercosul, diz cônsul do país vizinho
01/07/2016

Em reunião realizada ontem na sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o cônsul-geral da Argentina, Diego Malpede afirmou que é essencial expandir a atuação do Mercosul para outras regiões, consolidar a negociação com a União Europeia e buscar novos acordos, inclusive com a Aliança do Pacífico, aumentando a participação e a relevância de Argentina e Brasil no comércio internacional.

Além do cônsul, o evento recebeu a visita da embaixadora e chefe do escritório do Itamaraty em São Paulo, Débora Vainer Barenboim-Salej, e do vice-presidente da FecomercioSP e coordenador da Câmara Brasileira de Comércio Exterior (CBCEX) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Rubens Medrano.

O evento foi idealizado pelo Conselho do Comércio Externo da Federação, presidido por Euclides Carli, e teve o propósito de debater as relações comerciais entre o Brasil e o país vizinho, além do futuro do Mercosul. Na ocasião, Malpede fez um balanço desses primeiros seis meses do governo Macri que adotou um plano econômico gradual e projeta um crescimento vigoroso da economia argentina a partir de 2018. Atualmente, o país passa por um processo de correção de preços, de tarifas públicas (a inflação este ano deve ficar entre 36% e 40%) e pôs-se fim a uma série de controles cambiais que dificultava a entrada de capital estrangeiro. Tais mudanças já promoveram um clima de otimismo em nível interno e externo.

Em relação às relações comerciais entre Brasil e Argentina, Malpede destacou que o intercâmbio comercial sofreu uma queda acentuada nos últimos cinco anos, mas que passos importantes já foram dados, como a renovação do Acordo Automotivo até 2020, e que é esperada uma recuperação das trocas comerciais entre os dois países já a partir deste segundo semestre. Para Malpede a Argentina tem que entrar nas cadeias globais de valor e recuperar setores industriais como o automotivo, plástico e metal mecânico. Nesse contexto, ele ressalta a importância de Brasil e Argentina trabalharem juntos para o fortalecimento do Mercosul. “Precisamos avançar as conversas para um acordo com a União Europeia e com a Aliança do Pacífico”, afirmou.

Segundo o presidente do Conselho do Comércio Externo da FecomercioSP, Euclides Carli deve ser proposta uma nova agenda para o Mercosul, que nos últimos anos deixou de ser um bloco comercial relevante e se tornou um campo de discussões políticas. “A Argentina acena para a retomada do livre comércio e deixa de lado os interesses políticos e ideológicos, se aproximando do propósito inicial do bloco. Essa postura é muito importante para retomar a importância do Mercosul”, afirmou.

Para a embaixadora Débora Vainer Barenboim-Salej, apesar do momento político vivido pelos dois países ser de mudanças, tanto Brasil como Argentina querem fazer da região um importante eixo comercial do mundo. “A famosa rivalidade entre os países não existe mais e muito por conta das relações comerciais entre pequenos empresários da região que construíram ligações de amizade ao longo dos anos”, comenta.

A embaixadora reforça ainda que é necessário facilitar e promover cada vez mais a entrada de pequenos empresários no comércio internacional. “Os países do Mercosul são como piscinas prontas para as pequenas empresas se lançarem, diferentemente de outros mercados como os Estados Unidos, onde grandes companhias atuam e os pequenos enfrentam dificuldades”, apontou. A embaixadora também ressaltou que a cooperação entre Brasil e Argentina deve extrapolar os governos e se estender às entidades de classe para aproximar os empresários.

O vice-presidente da Fecomercio SP, Rubens Medrano, também acredita na força das entidades e acredita que a Federação deve ser um indutor das ações que o comércio deve adotar no Mercosul e nas relações com a Argentina. “A globalização as vezes nos distancia e nos faz esquecer que existem acordos antigos e virtuosos entre as nações vizinhas. Cabe a nós contribuir para a reflexão e melhora das relações comerciais com os países vizinhos”, ponderou.

Fonte: Guia Marítimo