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“Brasil tem que sair da casca e enfrentar o mundo”, aponta professora da FGV

“Brasil tem que sair da casca e enfrentar o mundo”, aponta professora da FGV
10/05/2016

Não é novidade que o Brasil está carente de acordos comerciais, principalmente quando desde 2015 empreendedores e investidores vem tendo enormes surpresas, porém não muito agradáveis. Apesar do bom desempenho das exportações, um estudo realizado pela FGV (Fundação Getulio Vargas) em parceria com a Amcham (Câmara Americana de Comércio), apresentado durante evento em São Paulo ontem, segunda-feira (09), apontou que a adoção de um acordo comercial com os EUA, que elimine 100% das tarifas, possibilitaria ao Brasil aumento de quase 7% nas exportações e de 1,29% no PIB.

“Um dos únicos locais, no nível macro, que conseguimos efetivamente ganhar competitividade é na área das commodities. O grande desafio é como vamos dar os passos para que possamos diversificar nossa pauta e evoluir no que já temos de vantagens competitivas. O alinhamento entre o setor privado e o setor público é fundamental”. (Fernando Queiroz, CEO, Minerva Foods.)

“As negociações comerciais multilaterais no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio), não mais refletem as necessidades atuais do comércio internacional, especialmente porque o novo paradigma sobre o comércio não permite mais os sucessivos adiamentos de decisões multilaterais”, apontou o estudo “Os Impactos para o Brasil de acordos de livre comércio com EUA e União Europeia.

Simulando o impacto de um acordo de comércio com a União Europeia, o material mostra que o Brasil teria aumento de cerca de 12% nas exportações e crescimento de 2,8% no PIB. No levantamento, os professores da FGV simularam seis situações de acordos econômicos entre Brasil, EUA e União Europeia, juntos e separadamente, sempre projetando os impactos no PIB, balança comercial e fluxo de comércio até 2030.

Os professores da FGV Vera Thorstensen, coordenadora do Centro do Comércio Global e Investimento da FGV, e Lucas Ferraz, que coordena o Núcleo de Modelagem, apontaram que dados do FMI mostram que o Brasil representa cerca de 3% do PIB Global (2015) e apenas 1,2% do comércio internacional (2014), o que diagnostica uma economia fechada.

De acordo com Ferraz, os números refletem o potencial desses acordos, levando em conta a 0% de tarifas e redução de 40%das barreiras não tarifárias. “Esses são números otimistas, mas é a melhor maneira que temos para iniciar um debate, mostrado o potencial e a sensibilidade dos acordos”.

O material aponta ainda que os acordos comerciais entre o País e a União Europeia, com a eliminação de tarifas e diminuição de barreiras não-tarifárias (NTBs), podem trazer benefícios econômicos para o Brasil a longo prazo. Entre eles as exportações seriam beneficiadas com alta de 12,33% e as importações em 16,93%. Já o PIB teria uma expansão de 2,8%.

Na opinião de Hélio Magalhães, presidente do Conselho da Amcham, para alcançar sucesso no mundo cada vez mais globalizado, o Brasil ainda precisa aprender uma lição importante. “Representamos 3% do PIB global, mas só 1,2% do comércio entre as nações. Ou seja, alguém está vendendo no nosso lugar”, afirmou.

O comércio entre o país e o bloco europeu tem parte importante das exportações brasileiras em mercadorias agrícolas, mas também em produtos industrias. Ainda de acordo com o estudo, um acordo com os EUA que contemplasse redução de tarifas e de barreiras não tarifárias também seria muito benéfico para o Brasil. O resultado seriam crescimento de 6,94% nas exportações e 7,46% nas importações. Já o PIB teria uma alta de 1,29%.

Na opinião de Thorstensen baixar as tarifas para a participação do Brasil nos grandes acordos não é uma tarefa fácil, mas é importante e “não há o que temer”. Ressaltando ainda que “o Brasil tem que sair da casca e enfrentar o mundo”.

“A situação do país o distancia da economia internacional, onde 65% das transações entre países ocorre no âmbito de acordos comerciais (FGV 2014). Nos últimos anos, as economias mais fortes estão organizando mega-acordos, como o TPP (Trans-Pacific Partnership) e o TTIP (Transatlantic Trade and Investment Partnership), com a tendência de eliminar tarifas e diminuir as barreiras não tarifárias”, afirmaram os professores no material.

A recomendação do relatório é que haja cautela na hora de fechar os acordos. Um planejamento cuidadoso e a longo prazo, envolvendo tanto a indústria quanto “o governo, para que o setor seja reformado e assim ganhe níveis maiores de competitividade”. “A Europa não vai abrir espaço para um acordo enquanto o Brasil não começar uma negociação concreta com os EUA. O Brasil tem um ‘mercadinho’ que não é assim tão desprezível, precisamos avançar nas negociações”, finalizou a professora da FGV.

Para ter acesso ao estudo completo clique aqui.

Fonte: Guia Marítimo