Barack Obama escreveu um artigo para o The Economist, no qual aconselhou que o próximo presidente dos Estados Unidos evite o “puro populismo” que vem sendo pleiteado tanto pela direita quanto pela esquerda, e que garanta que a economia americana permaneça aberta ao mundo. Obama argumenta que as batalhas políticas “protecionistas, anti-inovação e anti-imigrantes” estão deixando de lado o princípio básico americano de que, quando o comércio dá ao bem comum a mesma importância que dá aos lucros, os mercados livres evitam a concentração prejudicial de poderes: “o capitalismo tem sido o maior motor de prosperidade e oportunidade que a história mundial já conheceu”, declarou o presidente dos Estados Unidos.
Sem citar nomes, Obama dirige a sua carta aos candidatos à presidência dos Estados Unidos, alertando que a economia é “um mecanismo altamente complicado” e que movimentos radicais, como a quebra de grandes bancos ou “o aumento de tarifas de importação a níveis proibitivos” trariam sérias consequências no mundo real.
Posicionando-se com relação aos últimos embates das campanhas, que contrapõem aqueles que acreditam que as insurreições populistas sejam a causa de uma chamada “ansiedade econômica” aos que acreditam que há forças contrárias à identidade americana, Obama afirma que ambas as correntes têm a sua razão de ser. Mencionando a votação britânica pelo Brexit e as campanhas contrárias aos acordos comerciais entre países e à imigração no mundo democrático, ele diz considerar “compreensíveis” as frustrações, especialmente em um momento no qual a renda está estagnada e, com ela, a mobilidade social. Mas insiste que a globalização e a tecnologia também tornaram o mundo mais próspero: “enquanto alguns mercados sofreram com a concorrência estrangeira, o comércio ajudou a nossa economia muito mais do que a prejudicou”.
The Economist avalia que, para um presidente frequentemente classificado como socialista, “sucessor de Franklin Roosevelt”, Obama deverá ser lembrado na história muito mais como um progressista republicano aos padrões de Theodore Roosevelt, que dificultou a vida dos barões do crime e dos monopolistas em nome da restauração da crença no capitalismo. Ele diz ainda que, hoje, a disparidade entre o rico e o pobre está muito mais visível por conta da conectividade do mundo, e oferece a seu sucessor uma lista detalhada de políticas voltadas a tornar o governo um parceiro de negócios.
“Alguns setores ainda precisam de reformas”, admite o Presidente, “desde o sistema bancário até o de financiamento imobiliário”, porém ele recomenda que as falhas sejam “um incentivo para se construir sobre aquilo que já começamos a fazer, e não um argumento para se desconsiderar o que já foi feito até então”.
Fonte: Guia Marítimo