No primeiro semestre de 2016, o Porto de Itajaí teve retração de 52% na movimentação de cargas em comparação com o mesmo período do ano passado. Foi o único em SC que apresentou queda. Entre os principais motivos, o porto alega perde de competitividade com os terminais privados, perda de linhas para Navegantes e obras atrasadas por falta de repasse de verba do governo federal. , Em função da paralisação das obras, o porto de Santa Catarina não opera os berços 3 e 4 desde o início de 2014. Nestes dois pontos está em curso uma adequação para receber navios maiores. No entanto, Navegantes teve, no mesmo período, crescimento de 43%.
Se a obra estivesse pronta, Itajaí receberia, além do que já era operado nesses berços antigamente, cerca de 55 caminhões carregados de soja todos os dias, a maioria vinda do Mato Grosso. A perda apenas em tarifas é estimada em R$ 500 mil por mês, de acordo com o diretor técnico André Luiz Pimentel.
A obra dos berços começou em fevereiro de 2014 e deveria terminar em dezembro do ano passado. O custo estimado atualizado é de R$ 135 milhões, dos quais R$ 100 milhões foram executados. Para voltar ao ritmo normal de trabalhos, é aguardado o pagamento de uma nova parcela.
De acordo com o Ministério dos Transportes (MT), já houve liberação e envio de R$ 4,8 milhões para a obra e o processo de transferência de recursos está com o setor financeiro da Secretaria de Portos. O MT também informou que o término da obra está previsto agora para 31 de outubro.
Além dos berços, estão em curso alterações na entrada do canal para possibilitar manobra de navios maiores. A obra é parceria entre município, governo estadual e federal.
Um dos impactos da ampliação do Porto de Itajaí será o maior fluxo de caminhões nas estradas catarinenses. A adequação da malha, contudo, não tem previsão de ser realizada. Segundo o MT, o estudo de impacto deve ser feito pelo porto que diz não ter nada previsto nesse sentido. Há alguns anos está emperrada a obra da Via Expressa Portuária, uma das partes importantes de adequação viária do porto.
Privados X públicos
Com as dificuldades do porto público, o privado Portonave, de Navegantes, vem absorvendo a demanda. De janeiro a junho, registrou aumento de 43% na movimentação de contêineres, na comparação com igual período de 2015. A empresa atingiu o maior número para o primeiro semestre desde 2012: foram 422.605 TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés).
Parte da ineficácia do Porto de Itajaí é atribuída à diferença de tratamento dada a portos públicos e privados por meio da Lei nº 12.815/ 2013. A lei dos portos, como ficou conhecida, regulamentou a exploração, por parte da União, de portos e operações portuárias, e também de operadores. Um dos pontos positivos apontados foi a ampliação da concorrência, muito restrita antes disso.
Por outro lado, autoridade portuária, e também o especialista no tema, professor Evandro Moritz, do Laboratório de Desempenho Logístico da UFSC, falam em aspectos negativos para os portos públicos.
— A lei de 2013 trouxe uma certa lentidão no processo dos serviços portuários. Também há um projeto ¿Porto sem Papel¿ na Secretaria dos Portos, que ainda não evoluiu como deveria. Isso traz para eles (portos públicos) uma grande perda de competitividade. O porto privado tem quase domínio total da sua gestão — explica Moritz.
O DC enviou questionamento ao Ministério referente à possibilidade de revisão da lei ou se trabalham outras ações para aumentar a agilidade dos portos públicos. O MT não respondeu.
Importação de fertilizantes puxa São Francisco do Sul
O aumento de 75% na quantidade de fertilizantes importados fez crescer a movimentação do Porto de São Francisco do Sul, no Norte catarinense. Neste ano, passaram pelo porto 5,1 milhões de toneladas contra 4,8 milhões nos primeiros seis meses de 2015.
Já o Porto de Imbituba, no Sul, movimentou 2,5 milhões de toneladas no semestre, aumento de 71% em relação ao período de janeiro a junho do ano passado. Para comparação, o de Santos, maior do país, movimentou 57,7 milhões de toneladas, e registrou leve crescimento em relação ao ano anterior. O Porto Itapoá ainda não fechou o balanço semestral.
O Complexo Portuário de Itajaí – que inclui a Portonave – teve superávit de R$ 120 milhões em movimentação na comparação com o primeiro semestre do ano passado. Em Santa Catarina, houve déficit de 10,6% no primeiro semestre comparando com igual período de 2015. No Brasil, a balança fechou com déficit de 4,2% para o primeiro semestre.
Em junho, os principais produtos exportados por SC foram frango, carnes, madeira e derivados, produtos mecânicos e eletrônicos. A maior queda foi da maçã, influenciada por problemas climáticos na safra. Do lado das importações, mecânicos e eletrônicos, têxteis e plásticos lideraram.
Fonte: Diario Catarinense/LARISSA LINDER