Uma portaria da Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP) surpreendeu a operadora Brasil Terminal Portuário (BTP). O documento, recebido na sexta-feira (20) pela empresa, aponta a redução do calado dos navios na área de manobras para atracação das embarcações. A diminuição chega a quase 1,8 metro em alguns berços da companhia, que fica na região da Alemoa.
O calado é a altura da parte do casco do navio que fica submersa (medida entre a quilha e a linha d´água). Essa medida recebe um limite de modo a garantir a segurança da navegação, para impedir que o navio afunde demais e acabe encalhando.
Pelo documento, assinado pelo capitão dos Portos de São Paulo, capitão-de-mar-e-guerra Alberto José Pinheiro de Carvalho, na quinta-feira, só poderão fazer manobras para atracar nos berços da BTP navios cujo calado não exceda 11,3 metros na maré baixa e 13,3 metros na maré alta.
De acordo com a tabela operacional de calados em berços e canal do Porto de Santos, do último dia 18 de abril, o calado máximo deste trecho era 13,2 metros em maré baixa e 14,2 metros em maré alta. Em um dos berços, essa medida podia chegar a 14,1 e 14,4 metros.
O diretor-presidente da BTP, Antonio Passaro, se diz indignado com a medida. “Recebemos essa notícia com grande revolta. Isso pode causar um grande prejuízo para o Porto de Santos”, aponta. “Temos navios vindo para cá cada vez mais cheios e o mercado está voltando a ficar aquecido, mas temos que ver se essas embarcações vão poder entrar aqui”.
O executivo acredita que muitos navios vão ter que esperar ou cancelar a escala no Porto. “Será um prejuízo muito grande para importadores e exportadores. Neste fim de semana, temos navios que vem para entrar e vão ficar a espera da maré. E tempo parado neste setor é dinheiro perdido”, sentencia.
Passaro aponta como o principal fator da redução da profundidade da área a falta de dragagem do canal de navegação. “É uma total falta de planejamento. É inadmissível que o Porto fique sem esse serviço. É prova de ineficiência”, desabafa o executivo.
O outro lado
A Capitania dos Portos afirmou que a redução aconteceu apenas na área da BTP, não afetando outros terminais.
Por meio de nota, a Docas informou que, como não recebeu a portaria, “não efetuou qualquer alteração no calado constante na tabela vigente” e, caso receba “qualquer alteração nesse sentido tomará as providências cabíveis”.
Quanto à dragagem, a Codesp afirma que “vem realizando o programa de dragagem dos berços segundo cronograma de prioridades estabelecido em conjunto com Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), que vem sendo cumprida dentro do cronograma e é revista e atualizada semanalmente”.
Fonte: Guia Marítimo