A implantação do Sistema de Gerenciamento de Informações do Tráfego de Embarcações (VTMIS, na sigla em inglês para Vessel Traffic Management Information System), que promete modernizar e trazer segurança marítima e aumentar a eficiência das operações do Porto de Santos, avança em mais uma frente. A primeira estação remota de monitoramento já está sendo erguida na Ilha Barnabé, no canal de navegação.
Depois de pronto, o local deve abrigar um radar, que possibilita o rastreamento de embarcações, câmeras de longo alcance e visão noturna e um transponder AIS (que identifica automaticamente navios que contam com esta tecnologia por meio de satélite).
“Já fizemos as fundações e estamos dando seguimento à parte civil. Com a torre levantada, o que deve acontecer até o final de agosto, vamos colocar a infraestrutura, como a parte de eletricidade e a de tecnologia”, explica o engenheiro Cristiano Alves, diretor de Operações de Transporte e Defesa da Indra do Brasil, empresa responsável pela implantação do VTMIS no complexo portuário santista.
Com o custo estimado de R$ 31 milhões, os trabalhos envolvem a reforma de estruturas, a aquisição e a instalação de equipamentos e estações remotas. Além da torre da Ilha Barnabé, serão instaladas outras três: uma na costa de Guarujá, outra na Ponta de Itaipu (Praia Grande) e a terceira nos arredores do terminal da Dow Química (na entrada do canal, em Guarujá).
E é justamente a liberação destas outras três áreas, que pertencem ao Exército e à Marinha, que podem atrasar o ritmo das obras. “Sem essa liberação, não conseguimos iniciar os trabalhos nestes pontos”, afirma Alves.
A estimativa do representante da Indra é de que, caso as áreas sejam liberadas agora, os radares estarão prontos para operar no final de novembro. “O ideal é de que, pelo menos, duas torres estejam em funcionamento para que o sistema do Centro de Controle Operacional (CCO) receba as informações. Para que uma torre fique pronta, com a parte de construção civil e de infraestrutura, levamos de 5 a 6 meses”, diz o engenheiro. A previsão é de que o VTMIS esteja em pleno funcionamento até o final de 2018.
Por nota, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) informa que “o processo para liberação das áreas está em andamento, com a previsão de termos novas obras em andamento em até 90 dias”.
Benefícios da tecnologia
Com esse sistema de tráfego marítimo implantado é possível ter uma navegação mais segura, monitorar riscos, como os ambientais, além de otimizar todo o processo de atracações e desatracações no Porto.
A integração entre radares, câmeras de monitoramento e um transponder AIS possibilita o posicionamento exato das embarcações e permite garantir mais segurança dentro da área portuária.
“É como conduzir um avião que está pousando com baixa visibilidade. Com isso, esse sistema permite aumentar a produtividade. É possível, por exemplo, controlar a ordem de chegada, identificando automaticamente a embarcação, saber o tempo que um navio deve permanecer no berço”, diz Alves.
O CCO, que reunirá e coordenará as informações enviadas das torres, também conta com uma série de sensores, que analisam a maré, vento, pressão atmosférica, entre outros fatores que influenciam a navegação.
“O Centro consegue pegar todos os dados e gravar numa base de tempo. Com esse histórico, pode-se fazer uma avaliação de performance de risco de acidente”, conta o técnico. “Futuramente, pode ajudar até na homologação do calado para a dragagem, mostrando como se comportou a maré em um período histórico, a movimentação dos sedimentos. São dados que hoje não se tem um histórico para um acompanhamento e uma previsão”.
Integração com a cidade
Além de ajudar nos trabalhos portuários, o VTMIS também vai colaborar com os municípios do entorno. “Há uma série de dados que podem ser compartilhados com a comunidade que podem ajudar em vários aspectos, como a questão das ressacas ou bairros que são afetados pela maré”, finaliza o diretor da Indra.
Experiência em Vitória deve agilizar implantação em Santos
No Porto de Vitória (ES), o VTMIS, que tem duas torres e também foi implantado pela Indra, começou a funcionar oficialmente na semana passada, trabalhando em operação assistida. Segundo o engenheiro Cristiano Alves, diretor de Operações de Transporte e Defesa da empresa, que esta experiência pode agilizar a implantação do sistema no Porto de Santos, principalmente pela superação das barreiras burocráticas.
“A experiência que tivemos lá com a questão de homologação dos processos junto à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e a importação de equipamentos que exigem autorização do Exército vai facilitar a implantação em Santos”, considera.
O projeto do complexo capixaba foi orçado em R$ 22,9 milhões e a justificativa para que ele saia na frente de Santos é que no Espírito Santo a negociação dos terrenos foi mais fácil.
Além de Santos e Vitória, o projeto de inteligência logística portuária do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (MPTAC), incluia também a implantação, na primeira fase do sistema, os portos do Rio de Janeiro, Itajaí (SC) e Salvador (BA).
“Apenas dois conseguiram ir adiante. Os demais, por questões técnicas, não conseguiram avançar nem em editais. O Ministério tem todo o interesse nisso. Mas os portos têm que ter disposição e interesse para levar esses projetos para frente”, destacou o diretor da Indra.
No ano passado, foram concluídos os estudos de implantação do VTMIS em outros 10 portos: Rio Grande (RS), São Francisco do Sul, Itajaí e Imbituba (SC), Fortaleza (CE), Itaqui (MA), Suape (PE), Belém e Vila do Conde (PA) e Manaus (AM).
Fonte: A Tribuna