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Brasil já colheu 1/3 da soja, e atoleiros impedem escoamento da safra

Brasil já colheu 1/3 da soja, e atoleiros impedem escoamento da safra
02/03/2017

A colheita de soja no Brasil atingiu 34,3% da área estimada para a temporada 2016/17, com as atividades mantendo-se em ritmo mais acelerado que a média histórica para esta época, informou a consultoria Safras & Mercado nesta quarta-feira (1º).

Houve um avanço de quase 10 pontos percentuais ante a semana anterior. Os trabalhos de colheita no país, maior exportador global de soja, estão levemente adiantados em relação ao mesmo período do ano passado (33,3%) e avançados em relação à média histórica dos últimos cinco anos (25,5%), segundo a consultoria.

Atoleiros e bloqueio a caminhões carregados de soja na rodovia BR-163, no interior do Pará, vêm atrapalhando o escoamento da safra.

Chuvas fortes e atoleiros no trecho não asfaltado da BR-163 impedem que a soja chegue aos portos do Norte do país, o que resulta em prejuízos de US$ 400 mil ao dia, com a impossibilidade de embarcar o produto, informou na sexta-feira (24) a associação que representa as indústrias da oleaginosa no Brasil, Abiove.

Obras e serviços realizados nos últimos dias ainda não foram ainda suficientes para liberar o fluxo de milhares de caminhões carregados com soja e de outros veículos, informou nesta quarta a Polícia Rodoviária Federal.

Embora alguns veículos tenham sido liberados, por meio do uso de máquinas, ainda são cerca de 3.000 carretas que não podem seguir viagem, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal de Santarém (PA).

“A situação ainda está crítica… Deu amenizada porque o pessoal está trabalhando. Só que a chuva realmente complica”, disse o policial rodoviário Bruno Bittencourt.

O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) informou nesta terça-feira (28) que homens do Exército e da Polícia Rodoviária Federal chegaram no fim de semana aos pontos de retenção verificados na BR-163 e na BR-230 no Pará para a execução dos serviços de manutenção.

“Desde a madrugada desta terça-feira, parte do tráfego foi liberada na BR-163 sentido Sul (para Mato Grosso). Caso as condições meteorológicas sejam favoráveis, a expectativa é de liberação total do tráfego até esta sexta-feira (3), com a recuperação de pontos isolados em um segmento de aproximadamente 37 quilômetros”, disse o Dnit em nota.

PREVISÃO DO TEMPO

Dados do serviço Agriculture Weather Dashboard, da Thomson Reuters, apontam, no entanto, que as chuvas devem continuar intensas nos próximos 15 dias, sem nenhuma trégua.

Os acumulados até 16 de março na região do sudoeste do Pará, onde estão concentrados os problemas, devem atingir 161 milímetros.

O Dnit disse que suas equipes estão trabalhando em duas frentes simultaneamente, nas proximidades da Comunidade Jamanxim e próximo à Vila Santa Luzia, ao longo da BR-163.

Dos 1.006 quilômetros da BR-163 no Pará, faltam 100 quilômetros para serem asfaltados, destacou o departamento.

“O trecho da BR-163 onde se verificaram os pontos críticos devido às chuvas será pavimentado este ano. A meta do Dnit é asfaltar 60 quilômetros da rodovia em 2017”, afirmou o órgão.

A previsão de conclusão do asfaltamento de toda a BR-163 no Pará é 2018.

A rodovia é um importante canal de escoamento da safra brasileira de grãos, ao fazer a ligação das regiões produtoras de Mato Grosso com terminais fluviais localizados às margens do rio Tapajós, no município de Itaituba (distrito de Miritituba).

Importantes empresas do agronegócio, como Bunge, Hidrovias do Brasil e Cargill, operam terminais na região Norte, servindo-se do carregamento de barcaças na bacia amazônica e da exportação por meio de terminais localizados principalmente na região Barcarena, perto de Belém (PA).

Em Miritituba, as empresas não recebem soja desde o dia 18 de fevereiro, informou na sexta o gerente de economia da Abiove, Daniel Furlan Amaral.

Segundo o Dnit, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, irá se reunir com representantes de empresas exportadoras para definir uma estratégia logística que “garanta a manutenção da trafegabilidade ao longo da rodovia durante o chamado inverno amazônico e o consequente escoamento da produção agrícola”.

Procuradas, Cargill, Bunge e Hidrovias do Brasil não comentaram imediatamente o assunto.

Fonte: Folha via Portos e Navios