O principal índice da bolsa paulista retomou o pregão e opera em forte queda nesta quinta-feira (18), após ter os negócios interrompidos pelo circuit breaker, um mecanismo que paralisa o pregão quando a bolsa perde mais de 10% em relação ao fechamento do dia anterior.
Às 16h30, o Ibovespa caía 8,9%, a 61.607 pontos. Veja a cotação da Bovespa hoje.
Os mercados reagem à forte turbulência política iniciada na noite de quarta-feira, quando o jornal “O Globo” publicou notícia de que o dono da empresa JBS gravou o presidente da república, Michel Temer, dando aval para comprar silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
O economista Roberto Troster credita a forte queda desta quinta-feira não apenas às incertezas geradas pelas turbulências políticas, mas também ao chamado “efeito manada”. “Não existe nada mais covarde que o dinheiro, e há uma coisa que se chama comportamento em manada. A primeira reação dos investidores [da bolsa] é vender [suas ações]. Se todo mundo está vendendo, o investidor vai tentar vender antes que os outros.”
O economista chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, diz que o mercado já está precificando a saída de Temer da presidência, na espera apenas de detalhes de como será a transição. “A discussão do mercado agora é como vai se permitir um ciclo de transição que permita a continuidade das reformas econômicas no Brasil.”
O economista chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, disse que o discurso de Michel Temer nesta tarde reforçou o clima de incertezas no mercado sobre o andamento das reformas econômicas. Em seu pronunciamento, Temer disse que não renunciaria ao cargo de presidente da República.
“Na verdade, nós estamos mais em dúvida do que antes. O mercado sentiu um posicionamento seguro no discurso, o que abre a primeira dúvida: ele está fazendo um movimento de autodefesa?”, diz Vieira. “O segundo ponto é: se ele [Temer] estiver certo, como é que vai ser no futuro com o PSDB pulando fora do barco rápido como pulou?”
Interrupção dos negócios
Às 10h51, a Bovespa caía 10,47%, a 60.470 pontos, e os negócios foram interrompidos pelo circuit breaker, repercutindo as denúncias da noite passada contra o presidente Michel Temer. Os negócios ficaram suspensos por 30 minutos. O site da Bovespa também saiu do ar. A última vez que isso aconteceu foi em 22 de outubro de 2008, quando a bolsa caiu 10,18%.
Entenda o circuit breaker e relembre momentos de turbulência na bolsa
O circuit breaker é um mecanismo de controle da variação dos índices para evitar movimentos muito bruscos nos mercados. No caso das negociações da Bovespa, quando as cotações caem mais do que 10% em relação ao fechamento do pregão interior as negociações são interrompidas .
Os negócios são então paralisados por trinta minutos e retomados em seguida. Depois da retomada do pregão, se a queda persistir, os negócios são novamente interrompidos quando a baixa chega a 15%. Desta vez, a paralisação é de uma hora.
Principais quedas
Perto das 15h27, as ações da Petrobras tinham queda de mais de 9% nas ações ordinárias (que dão ao acionista direito a voto em assembleias da empresa) e mais de 13% nas preferenciais (com preferência na distribuição dos dividendos). Os papéis da empresa chegaram a cair 18% perto da abertura do pregão.
As ações do Itaú Unibanco e do Bradesco, que possuam forte peso da composição do Ibovespa, também têm dia de forte desvalorização e ajudam a puxar a bolsa para baixo. Perto do mesmo horário, os papéis di Itaú caíam mais de 10% nos preferenciais e mais de 9% nos ordinários. Já o Bradesco perdia mais de 11%. Banco do Brasil estava entre as maiores quedas para o horário, perdendo mais de 18%.
Já a Eletrobras liderava as perdas, caindo mais de 20%. A JBS perdia mais de 11%.
A maior queda na abertura foi registrada pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), com 41%. O ex-diretor da empresa Frederico Pacheco de Medeiros foi preso pela manhã, depois de ter seu nome citado como receptor de malas de dinheiro da JBS a pedido do senador Aécio Neves (PSDB). Os papéis preferenciais da Cemig praticamente zeraram as perdas no retorno das negociações e operavam com baixa de apenas 0,2%, em relação ao fechamento do dia anterior. À tarde, voltaram a se destacar entre as fortes quedas do dia. Perto do mesmo horário, as ações da empresa perdiam mais de 15%.
Cemig
A maior queda na abertura foi registrada pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), com 41%. O ex-diretor da empresa Frederico Pacheco de Medeiros foi preso pela manhã, depois de ter seu nome citado como receptor de malas de dinheiro da JBS a pedido do senador Aécio Neves (PSDB).
Os papéis preferenciais da Cemig praticamente zeraram as perdas no retorno das negociações e operavam com baixa de apenas 0,2%, em relação ao fechamento do dia anterior. À tarde, voltaram a se destacar entre as maiores quedas do dia. Perto do mesmo horário, as ações da empresa perdiam mais de 15%.
Mercados monitorados
Mais cedo, o Banco Central informou que está monitorando o impacto das informações recentemente divulgadas e que “atuará para manter a plena funcionalidade dos mercados”.
A Secretaria do Tesouro Nacional também informou, por meio de nota à imprensa, que “adotará as medidas necessárias para assegurar a plena funcionalidade e a adequada liquidez dos mercados”.
Pregão anterior
Na véspera, o Ibovespa caiu 1,67%, a 67.540 pontos, após subir por 6 pregões seguidos, tendo como pano de fundo o cenário externo de aversão a risco diante de preocupações com o governo do presidente norte-americano, Donald Trump, segundo a agência Reuters.
Fonte: G1