Um mês depois da Operação Carne Fraca, efetuada pela Polícia Federal, os números de exportações de carnes “in natura” de abril vão apontar uma queda expressiva.
Mas não é apenas a Operação Carne Fraca que dificulta a vida do setor. Pesa também a fraca economia.
A queda das importações brasileiras faz com que menos contêineres venham ao país, dificultando o escoamento das exportações.
À espera dos contêineres, a carne tem de ser armazenada, elevando os gastos. Mas os custos também vêm de fora. Vários países, entre eles grandes importadores, como Coreia do Sul, Rússia e México, passaram a fazer a vistoria de 100% das cargas importadas. Esses gastos de controle de verificação da qualidade da carne saem do bolso dos exportadores.
O resultado desse cenário adverso respinga também sobre os agricultores. Para manter a competitividade da carne brasileira no mercado externo, o setor remunera menos produtores de grãos.
“Passamos por momentos difíceis, quando todos perdemos. Mas as coisas, aos poucos, estão melhorando”, afirma Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). Para sair da crise, “estamos fazendo uma arrumação”, diz ele.
Um ponto positivo, segundo o executivo da associação, é que, passado o ímpeto inicial do consumidor brasileiro, houve recuperação no consumo de carne no país.
RITMO MENOR
O forte recuo das exportações deve ser creditado, no entanto, não apenas à operação da PF mas também ao reduzido número de dias úteis neste mês. Enquanto março teve 23 dias úteis, abril terá apenas 18.
Tomando como base o provável número final de vendas externas de carnes deste mês —considerando o que já saiu dos portos brasileiros nas três primeiras semanas—, as vendas externas somarão 398 mil toneladas em abril.
Se confirmado, o volume total será 23% menor do que o de abril de 2016. A liderança nas exportações fica com o frango, cujas vendas externas deste mês recuam para 280 mil toneladas de carne “in natura”, 26% menos que as de abril de 2016.
As exportações de carne bovina podem recuar para 72 mil toneladas, uma queda de 17% em relação às de igual mês do ano passado. A suína, 15%, para 45 mil toneladas, tomando como base os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
QUEDA MENOR
Quando comparados os dados médios, por dia útil, de março e de abril, as exportações de carne “in natura” de frango até ganham corpo, aumentando para 15,6 mil toneladas por dia útil, 3% mais do que no mês passado.
Pelo menos 58 países exportadores de frango estão fora de mercado, devido à gripe aviária, o que gera demanda ao produto brasileiro.
Já as carnes suína e bovina têm redução nas vendas externas na comparação média de dias úteis. A bovina caiu 18%, em relação ao mês anterior, enquanto a suína —que vinha mantendo um ritmo forte nas exportações— tem retração média de 11% no volume exportado em abril.
Uma compensação do setor de proteínas é que o preço das carnes continua subindo. O valor médio de negociação da carne suína deste mês supera em 9,8% o de março. O da bovina subiu 1%, enquanto o da de frango manteve os preços.
Fonte: Folha de S. Paulo via Brazil Modal