A moeda norte-americana, o dólar americano, desde o fim do padrão ouro se tornou referência internacional quando o assunto é comércio exterior. Atualmente, diversos países, inclusive o Brasil, mantêm parte de suas reservas em moeda estrangeira, não apenas em ouro, e o dólar representa a principal delas no cenário cambial.
Não é à toa que grande parte do comércio internacional, nos diferentes cantos do mundo, utiliza-se do dólar americano para suas transações. Isto não se dá mais pelo seu valor em comparação com o ouro, mas pelo grau de confiabilidade que é atribuído à moeda. Outra importante moeda, o euro, sofreu por um período turbulento de grandes desconfianças recentemente, durante a crise que atravessaram os países da União Europeia, levantando questionamentos sobre sua continuidade.
No Brasil, os últimos dias têm levantado a preocupação para aqueles que acompanham e dependem das cotações de câmbio. Fatores relacionados ao desempenho econômico, o cenário internacional e, também, eventos e decisões políticas impactam no valor do real em comparação com outras moedas, como o dólar e o euro.
Por óbvio, quanto mais alta a cotação, mais reais são necessários para equivaler à moeda americana. Neste sentido, o fenômeno da oscilação cambial pode parecer corriqueiro, mas impacta significativamente o desempenho da balança comercial brasileira, aqueles que precisam de moeda estrangeira e também o setor produtivo.
Contudo, a valorização do dólar em relação ao real, como estamos presenciando, favorece o aumento das exportações brasileiras, melhorando o resultado da balança comercial, ou seja, quando o País exporta mais, recebe mais moeda estrangeira como pagamento, com isso consegue pagar aquilo que compra de fora (importação) e acaba sobrando moeda, o que chamamos de superávit da balança comercial, que acaba sendo convertido em reserva para o País.
De maneira similar, quando a cotação do dólar cai há um favorecimento das importações, que acabam aumentando as despesas do País em moeda estrangeira, podendo levar a um déficit da balança comercial, o que faz com que o Brasil recorra às suas reservas para pagar seus débitos estrangeiros.
Isto acontece pelo fato de que quando uma empresa vende um produto para exportação, o pagamento é em moeda estrangeira, que é recebida pelo sistema bancário e convertido em real. Os dólares, por exemplo, adquiridos na transação, ficam em poder do Banco Central, que depois utiliza a moeda para pagar a conta de uma outra empresa que importou e precisa pagar em moeda estrangeira.
O câmbio desempenha, portanto, papel crucial em como o Brasil atua no comércio internacional, ora aumentando as exportações, ora aumentando as importações. Medidas, por vezes, são criadas a fim de aumentar as reservas nacionais, fomentando as exportações por meio da desvalorização artificial da moeda. Isto já ocorreu no Brasil e, hoje em dia, a China recebe fortes críticas internacionais sob a acusação de desvalorizar sua moeda artificialmente para alavancar as exportações, tornando-a mais competitiva no restante do mundo.
Desta maneira, governos tentam prevenir grandes perdas calibrando a taxa básica de juros e outros índices econômicos para atrair investimentos e não deixar que os investidores retirem os montantes investidos no país, o que impacta diretamente na inflação. Para aqueles que aportam valores de investimento, a conta precisa sempre se equilibrar entre o que é atrativo e o que é seguro. Se não há confiança, não há a certeza de liquidez, e com isso, a moeda se desvaloriza.
Fonte: Jornal Opção