Com o reinício do tráfego de caminhões no Porto de Santos, após 10 dias de interdições nos acessos rodoviários, as atenções se voltam à logística de retomada das operações nos terminais. Agora, o temor é de que os acessos ao cais santista fiquem congestionados devido ao grande fluxo de cargas nas próximas semanas.
“A preocupação, agora, é com a logística. É preciso ter inteligência operacional para não deslocar todos os caminhões de uma só vez e criar mais um caos no Porto”, destacou o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Terminais de Líquidos (ABTL), Mike Sealy.
O executivo também é presidente do terminal da Stolthaven em Santos, que começou a receber os primeiros caminhões ainda na tarde desta quarta-feira (30), sob forte tensão. O setor de líquidos foi bastante afetado pela greve por conta do comprometimento dos tanques de armazenagem de cargas. Segundo Sealy, as operações começarão a fluir só na próxima semana.
“Todos os caminhões deverão ser reagendados e o acesso ao Porto está mais rigoroso, com a ampliação do nível de segurança portuária do ISPS Code (código internacional de segurança implantado após os ataques terroristas de 2011 nos Estados Unidos). É preciso manter uma investigação maior de quem entra e quem sai”, afirmou Sealy.
Caminhões voltaram a circular sob olhares e proteção dos militares (Rogério Soares/AT)
Prazo
O executivo acredita que as atividades do Porto devem voltar ao normal apenas nos próximos 10 dias. A previsão é a mesma do diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque.
“Como os contêineres de importação estão se acumulando, haverá o comprometimento logístico com essa repressão e também grande possibilidade de prejudicar as exportações por falta de equipamento, além do acumulo de caminhões para a retirada dos vazios para a exportação”, destacou o executivo do Sindamar.
Para Roque, não há grandes perspectivas de melhoria da situação nos próximos dias, tendo em vista também a paralisação dos auditores fiscais, que prometem não conferir e nem desembaraçar mercadorias até a próxima quarta-feira (6), no Porto. Assim, apenas na quinta-feira (7) as cargas de importação começarão a ser removidas dos terminais.
Por conta desses atrasos, todas as programações de atracação de embarcações deverão ser revistas pelos agentes de navegação. Mas isto só ocorrerá após a chegada das cargas, que também depende de uma reprogramação, desta vez no acesso rodoviário, com o reagendamento da chegada de caminhões.
“Houve um pouco de confusão, mas é preciso entender que o movimento já deu o que tinha que dar. Não tinha mais o que buscar e o Porto precisa logo voltar ao normal porque os prejuízos são incalculáveis para o País”, afirmou Sealy.
Fonte: A Tribuna via Portos e Navios