por Everaldo Barros
É possível afirmar que a logística nunca mais será a mesma!
Logística é um segmento contínuo, um fluxo sem interrupções, apartidária e com a missão de fazer-se cumprir, independente dos obstáculos.
A logística em si não é palpável, mas ela transcorre em todos os eventos da vida, desde a entrega de um produto comprado na internet, passando por estratégias de guerras ou no combate a uma pandemia.
Durante essa pandemia, com certeza você escutou ou falou uma das frases abaixo:
– Não há produto disponível nos supermercados;
– Os voos estão proibidos do país A para o país B;
– Novas leis ou barreiras aduaneiras para facilitar o recebimento, ou para dificultar a saída de produtos médicos dos países;
– Devido ao fechamento de fabricas mundialmente, e sem a produção atingir níveis regulares, as Cia. Marítimas cancelaram diversas viagens dos seus navios;
– Os fretes aéreos aumentaram na proporção de 10 vezes;
– Produtos médicos são prioridades, e seu pedido não embarcará conforme programado;
– Não há disponibilidade de containers por falta de reposicionamento;
Todos nós fomos bombardeados com as notícias acima ao longo dos últimos meses.
Mesmo antes da pandemia a logística já vinha sofrendo mudanças na sua forma de atuação, seja pela digitalização, robotização, rastreabilidade, concentração do setor marítimo e aumento do tamanho das embarcações, expansão do setor aéreo através de aviões multipurpose com capacidade de mesclar passageiros e cargas, last mile com apoio de plataformas e APPs, enfim, já haviam mudanças em curso.
O Covid-19 tem se mostrado como um acelerador de algumas dessas tendências, e ao mesmo tempo, um desafio para uma outra parte desse grupo. Nesse sentido, discorremos sobre a logística no pós Covid-19, pois para a maioria dos negócios haverá uma nova logística, ou pelo menos, desafios dentro de novos contextos globais.
A cadeia de abastecimento em si passará por uma reorganização. As empresas deixarão de centralizar suas compras em um único país. Diversificar seus fornecedores será parte da estratégia e da mitigação de riscos de todo Procurement , novas rotas serão criadas e outras excluídas, visando atender as novas demandas de abastecimento.
Acordos comerciais irão prever clausulas pandêmicas, criando embates e debates jurídicos e desenvolvendo acordos bilaterais entre os diversos países.
A demanda por inovação tecnológica pressionará por processos automatizados e eletrônicos, e mesmo projetos sem a maturidade requerida serão executados no curto prazo.
Operadores logísticos aderem ao trabalho em home-office, e projetos de empresas remotas na cadeia logística irão se desenvolver. Especialistas e Consultores logísticos serão mais do que necessários.
As companhias aéreas (duramente afetadas pela redução dos passageiros) deverão apostar ainda mais em consolidações acionárias, aumentando a concentração do setor.
Companhias marítimas, embora já concentradas, deverão ampliar fusões e aquisições com o objetivo de reduzir a concorrência e controlar o fluxo dos containers e das saídas dos navios. Quanto maior o controle do setor maior a estabilidade dos fretes marítimos.
Muitos países concluirão que a cadeia de abastecimento não foi capaz de atender a toda demanda, e haverá (ou deveria existir) um movimento nos países para estabelecer regras internacionais mais simplificadas no combate a uma pandemia.
A logística do pós-Covid19 reduzirá burocracias aduaneiras de entrada, dificultará a saída de equipamentos médicos hospitalares, ampliará a concentração de setores, forçará a diversificação de fornecedores, criando empresas remotas e obrigando governos e empresas a estabelecerem regras bilaterais.
A logística sempre foi crucial, e fica confirmada a sua importância em tempos de grandes demandas. Tudo que envolve eventos globais a logística sempre será um ator importante.
Bem vindo a era da logística pós-Covid-19!