Cais santista já recebe cargueiros de 340 metros, capazes de transportar 9 mil TEU. Agora, quer atender porta-contêineres de 14 mil TEU
O Porto de Santos se prepara para receber, neste ano, embarcações de até 366 metros de comprimento. A Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP) estuda a mudança do navio-tipo do complexo santista. Mas ainda é necessária a apresentação de estudos para a decisão final da Autoridade Marítima.
Recentemente, o diretor-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária de Santos), Casemiro Tércio Carvalho, anunciou o plano de mudar o navio-tipo do cais santista. O plano prevê o recebimento de embarcações da classe New Panamax, que são capazes de transportar 14 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) em uma única viagem.
O maior navio em comprimento a escalar no complexo, o Hyundai Loyalty, tem 340 metros de proa (frente) a popa (trás). Ele transporta cerca de 9 mil TEU.
A permissão para atracações de grandes navios vem sendo discutida há anos. O processo também envolve a Praticagem de São Paulo e a Universidade de São Paulo (USP), que estudaram a medida e realizaram simulações, comprovando a viabilidade de tráfego dessas embarcações.
Os pesquisadores utilizaram simulações matemáticas considerando um navio porta-contêiner com 366 metros de comprimento e 52 metros de boca, com capacidade para 14 mil TEU. Foram levados em conta o cenário atual do canal, com profundidade de 15 metros, e um cenário futuro, com profundidade de 17 metros, viável para navios de até 15 mil TEU.
Mas é provável que seja necessário reduzir a velocidade dessas embarcações durante o tráfego no Porto. A sugestão foi da Praticagem de São Paulo e tem como base treinamentos realizados no exterior.
A informação é do capitão de mar e guerra Daniel Américo Rosa Menezes, comandante da CPSP. Segundo ele, hoje, os navios não podem ultrapassar 9 nós, o equivalente a 16,6 quilômetros por hora. A ideia é que esta velocidade seja reduzida.
“A Praticagem vai fazer uma proposta com base em simulações. A expectativa é de seja algo entre 5 e 7 nós, mas vamos aguardar o estudo e avaliar”, afirmou o capitão dos portos.
Amarração
A mudança do navio-tipo do Porto de Santos foi discutida no Conselho de Autoridade Portuária (CAP). Uma das questões debatidas gira em torno dos efeitos da passagem dos cargueiros em navios atracados, as chamadas interações hidrodinâmicas. Especificamente , analisam-se os impactos nos sistemas de amarração das embarcações que estão no cais.
O temor é de que, com a passagem dos grandes porta-contêineres e o consequente deslocamento da água, os cabos que mantêm os cargueiros atracados se rompam.
Neste caso, a Capitania pediu à Docas um estudo específico. A ideia é verificar quais berços serão mais afetados pela passagem dos navios e o que pode ser feito para garantir que não haja ruptura de cabos de amarração.
“A Codesp ficou de apresentar quais são os pontos de atracação onde a interação será maior. Com isso, tomaremos uma decisão mas, no momento, estamos aguardando”, destacou o capitão dos portos.
O oficial também destaca que a USP recomendou uma mudança na geometria do canal, com o reposicionamento da boia 4. Ele acredita que o serviço foi realizado na última campanha de dragagem, realizada pela Van Oord Operações Marítimas. Porém, precisa da confirmação através de levantamento hidrográficos.
Fonte: A Tribuna