Com a matriz de transportes ainda muito desequilibrada, Brasil tem custos que acabam com a competitividade dos produtos
Durante a conferência sobre Expansão Portuária realizada na Feira Intermodal, o Presidente da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Edeon Vaz Ferreira, apontou para os custos logísticos como uma ferida aberta do comércio internacional brasileiro.
E, para desenhar um retrato ainda mais assustador, Ferreira lamentou que o Mato Grosso, estado cuja exportação da produção agrícola tem sido enaltecida como uma das saídas mais viáveis para manter o respiro do país em meio à crise econômica e política, tem o custo de fretes mais alto do Brasil.
Em um traçado de dez anos, o Presidente de Logística do Mapa expôs números que atestam a falta de competitividade do Brasil, que, em um período de dez anos compreendido de 2003 a 2013, chegou a subir os custos de frete em até 200%, quando a vizinha Argentina aplicou 50% de aumento e os Estados Unidos, 20%.
Ainda na mesma comparação entre Brasil e Estados Unidos, falou sobre a matriz atual de transportes dos dois países: enquanto aqui, o setor rodoviário responde por 61% das cargas movimentadas, o transporte americano utiliza somente 13% de caminhões no sistema total de transportes multimodais. Quando a comparação é com a malha ferroviária do Brasil, Edeon Vaz Ferreira diz que os números são “de chorar”. Assim acontece com as hidrovias que, absorvendo somente 14% da matriz brasileira, contra 43% nos EUA, são praticamente improvisos: “rios em que se navega, mas não há estrutura hidroviária”.
Assim como outros profissionais, especialmente os ligados ao setor público, Ferreira retoma a importância do desenvolvimento do Arco Norte, que espera ver a movimentação de cargas crescer até 26% até o final de 2016 com as estações de transbordo e terminais estabelecidos nos portos marítimos e hidroviários.
As concessões para portos da região (reagendadas pelo Ministro de Portos Helder Barbalho para dia 09 de junho de 2016) impulsionariam o escoamento da produção do centro-oeste para o norte do país, com certo prejuízo para alguns dos portos da região sudeste, especialmente Paranaguá e São Francisco do Sul, segundo o diretor de logística do ministério. No entanto, Ferreira afirma, com uma visão mais ampla, que os esforços em diluir o fluxo das cargas do país só têm a contribuir com o custo logístico da produção brasileira, de modo a melhorar o posicionamento do país no comércio internacional.
Fonte: Guia Marítimo