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Para onde vai a logística na era do Uber?

Para onde vai a logística na era do Uber?
09/06/2016

Amazon, Alibaba, Uber. Os novos modelos de negócio que configuram hoje entre as poucas empresas que abocanharam as margens de lucro da economia mundial estão presentes em todas as esferas profissionais, seja para inspirar ou para intrigar. O que eles têm em comum? Transparência, visibilidade, tecnologia, respondem os especialistas que enxergaram as mudanças do mercado para desenvolver ferramentas para a indústria mundial do transporte de cargas.

Xeneta é uma ferramenta de cotação de fretes marítimos que, primordialmente, veio descomplicar os sistemas complexos de precificação que o embarcador era obrigado a desvendar ao contratar um transporte. Freightos oferece cotações automáticas, permitindo comparações entre fretes aéreos e marítimos, permitindo a operação até o final, ou seja: uma plataforma de aproximação entre o comprador e o vendedor de frete. Bringg oferece soluções tecnológicas para que o transportador migre seus serviços para o novo universo que busca visibilidade, conectividade e avaliação de experiência.

Ligeiramente diferentes em seu propósito, os três modelos de negócio apresentados durante a conferência Transport Intelligence, realizada em Londres nesta quarta-feira (08), seguem os mesmos princípios disruptivos que vêm conduzindo o mercado mundial hoje em dia: transparência e inovação, as máximas que levaram serviços como o aclamado Uber a conquistar para si uma lista de segmentos que até então se consideravam consagrados. E, junto com isso, constroem também conteúdo por meio das informações coletadas de seus próprios clientes, uma característica comum aos modelos bem-sucedidos no ambiente virtual, principalmente por conectar prestadores e tomadores de serviço no mesmo lugar.

Preparados para a realidade de que a geração Millenials será, muito em breve, o principal cliente de todos os negócios mundiais, os negócios adotam a estratégia “light”, suprimindo uma série de etapas no processo de compras e oferecendo soluções já pensadas, calculadas e avaliadas por outros clientes – mesmo que isso represente um custo maior, de acordo com o CEO da Bringg, Raanan Cohen.

A integração entre sistemas, bem como a sua composição modular, é também uma preocupação dos novos modelos de negócio. Muito embora a VP de Produto da Freightos, Ruthie Amaru, confesse que a integração, em plena era da automação, ainda seja praticamente uma batalha com a maioria das empresas, que ainda mantêm seus dados muito espalhados, “alguns deles inclusive em planilhas rudimentares”, completa Amaru.

“Em casa, as pessoas têm iPhones, equipamentos eletrônicos avançados e sistemas de última geração. Porém, infelizmente, no ambiente corporativo, ainda lidam com sistemas complexos e com pouca atualização”, compara Thomas Sørbø, fundador da ferramenta Xeneta, que foi criada justamente para solucionar as dificuldades geradas pela falta de integração entre as plataformas de cotação de frete. E acrescenta: “ao centralizarmos em plataformas únicas as empresas que têm problemas semelhantes, elas acabam ajudando umas às outras, encontrando melhores parâmetros sobre qual seria o preço justo a ser cobrado no mercado”.

Tanto para o cliente quanto para a indústria, as novas ferramentas encurtam o caminho até o seu fornecedor, oferecendo melhores preços. A dúvida, no entanto, é como a transparência vai afetar as negociações: haverá um empoderamento do consumidor que o leve a exercer tamanha pressão por preços ao ponto de ameaçarem a integridade das empresas? De acordo com Sørbø, a missão das plataformas tecnológicas é manter-se neutras e acompanhar as tendências, pois o próprio mercado vai encontrar meios para se equilibrar. Tomando por exemplo as tarifas do frete marítimo que têm traçado uma trajetória cada vez mais descendente, o que, segundo Sørbø, “ninguém sabe é bom ou ruim”, o executivo afirma que as novas plataformas permitirão que as empresas avaliem melhor as sua competitividade e modelo de atuação.

Ruthie Amaru realça a questão dos custos com notícias nada animadoras: “As margens estão de fato menores, e essa é a demanda do mercado”, adianta, esclarecendo que o único mercado que hoje apresenta saídas inovadoras é o de informações: “os containers funcionam bem, navios funcionam bem, mas o processamento de dados precisa mudar”.

Ignorar os novos modelos de negócio no setor de logística seria um grande erro, realçou o moderador do painel de inovação em logística, Ken Lyon, fundador da Virtual Partners. Com um mercado absolutamente consciente das necessidades de otimização, oportunidades, qualidade e custos enxutos, o fator que vai mudar a dinâmica dos transportes hoje é a transparência.

Fonte: Guia Marítimo