*Reginaldo Gonçalves
No início do seu mandato, o presidente Michel Temer anunciou pacote de medidas, como um teto para gastos públicos (PEC 241) e o resgate da Lei de responsabilidade Fiscal, dentre outras medidas, com o propósito de tentar reequilibrar a economia, com ajustes fiscais e cortes de investimentos. Esse cenário faz com que os empresários busquem caminhos alternativos para contornar a crise, visando reduzir os impactos negativos em seus negócios.
Nesse contexto, o processo de operações de fusões e aquisições (F&A), pode garantir expansão rápida, conquista de novos mercados e entrada de investimento direto estrangeiro (IDE), dentre outros ganhos. Recente estudo divulgado pela KPMG no Brasil mostra que, no terceiro trimestre deste ano, têm se intensificado operações de fusões e aquisições em variados setores, sobretudo em Tecnologia da Informação – TI (25 transações), empresas de internet (16) e serviços (13). Outros ramos que obtiveram destaque foram hospitais e laboratórios de análises clínicas (11), e transportes (9).
É compreensivo que esses segmentos de tecnologia e informação sejam os líderes no ranking de F&A, já que o setor permanece aquecido, com startups que desenvolvem produtos novos, contribuindo para a modernização de instituições privadas e públicas. No entanto, há uma questão a ser considerada: geralmente, as startups são compostas por equipes reduzidas e não possuem capital suficiente para continuar investindo. Sendo assim, muitas fracassam, duram pouco tempo ou simplesmente buscam fusões para salvados negócios.
Optar por F&A não é uma solução simples para problemas internos e ameaças mercadológicas. As empresas envolvidas precisam capturar as sinergias, integrando os valores das duas marcas e planejando cada passo para continuar crescendo.
Os gestores são importantes na condução e construção das sinergias, devendo ter habilidades como saber negociar em diversas situações intrínsecas em um processo de F&A, ter conhecimento de múltiplos setores, visualizar as diversidades culturais e gerir as expectativas dos colaboradores, que geralmente pensam que serão demitidos. O objetivo da fusão ou aquisição precisa estar muito claro para os recursos humanos, mostrando que as mudanças visam tornar a empresa mais competitiva para continuar a crescer e garantir o emprego de todos. Uma forma de fazer isso é trabalhar a comunicação corporativa, por meio de reuniões frequentes com as equipes, divulgar a missão, visão e os valores da empresa.
Os empresários brasileiros estão compreendendo que, vista por vários ângulos, uma fusão ou aquisição pode ser algo positivo. Ou seja, é um processo de adaptação da cultura dos negócios no País e uma forma de vencer as crises. Trata-se de prática comum em nações desenvolvidas, como nos Estados Unidos e, quem sabe, torne-se opção cada vez mais viável para a estratégia de negócios dos empresários no Brasil.
*Reginaldo Gonçalves é coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM).
Fonte: Guia Marítimo